Vácuo
(ouvindo
Yann Tiersen, “A secret place”)
nasci dos dias em
que os sonhos eram cerejas
recém-enrubescidas na verde folha da vida e nas amarelas tardes de ser assim:
inocente espaço entre corpos celestes à espera de saber ser flor não naufragada
no futuro antecipado
na observação das nuvens. nasci dos dias da aldeia
onde sinos eram espaços sonoros entre mim e mim, entre as nuvens e a vida, entre a vida
e os dias passados a desfolhar pedaços de vento por entre os medos
da infância.
ruas calcorreadas no tédio das horas desusadas sobre as árvores como um ninho,
espaço circunscrito
nas horas da angústia dos
Outros das vozes estranhas-intrusas
devoradoras
dos tempos ocultos da solidão da interioridade da alma.
lugar secreto de dias celestes de
preenchimento do vazio insuspeito.
passaram os dias da
Criação que nos tornaram metade de nós, corpos
por preencher na mágica sabedoria da conjunção das vontades.