segunda-feira, 30 de março de 2015

...



L’amore è per definizione un dono non meritato, anzi, l’essere amati senza merito è la prova del vero amore. Quanto è bello sentirsi dire: sono pazza di te sebbene tu sia bugiardo, egoista e mascalzone.

Milan Kundera

Aves solitárias


as aves solitárias


moram na bainha das folhas,


migram através das nervuras,


e desfolham-se no limbo.


atravessam pecíolos,



e navegam ondas de som desfocado.







as aves solitárias


moram nos espinhos achatados,


mas almejam a endoderme do sonho.








moram na endoderme do sonho.



Susana Duarte



domingo, 29 de março de 2015

Coimbra =)

http://www.ruralea.com/tematico.php?ativ=10&local=533

sexta-feira, 27 de março de 2015


Aller sur la lune, ce n'est pas si loin. Le voyage le plus lointain, c'est à l'intérieur de soi-même.


Anais Nin


foste tu ( e não o vento)

foste tu ( e não o vento) quem derrubou as árvores 
aladas dos meus braços, impondo a tirania do sal
semeado nos olhos crus de quem perdeu os dias

e, desalentado pelas noites frias, se tolheu das aves.



Susana Duarte

Centro Integrado de Desenvolvimento Intelectual

http://www.cidi.pt/#homepage

quinta-feira, 26 de março de 2015

Coimbra. Maio.


"Lasciamo sempre qualcosa di noi, quando ce ne andiamo da un posto: rimaniamo lì; anche una volta andati via e ci sono cose di noi che possiamo ritrovare solo tornando in quei luoghi.
Viaggiamo in noi stessi quando andiamo in posti che hanno fatto da cornice alla nostra vita. Non importa quanto questi siano stati brevi e viaggiando dentro noi stessi, ci dobbiamo confrontare con la nostra solitudine. Ma tutto ciò che facciamo, non lo facciamo forse per paura della solitudine? Non è questo il motivo per cui rinunciamo a tutte le cose che rimpiangeremo alla fine della nostra vita? ..."



Fado è una storia di gelosia che esplora il confine tra un amore in ricostruzione e una dipendenza reciproca distruttiva e patologica.

http://cineuropa.org/nw.aspx?t=newsdetail&l=it&did=287041


“Acredito sinceramente que existem coisas que ninguém veria, se eu não as tivesse fotografado.”
___________________________[Diane Arbus]

Sugestão de Páscoa.

http://www.fabricadochocolate.com/hotel/quartos

terça-feira, 24 de março de 2015

The Paradoxical Commandments

"People are illogical, unreasonable, and self-centered.
Love them anyway.


If you do good, people will accuse you of selfish ulterior motives.
Do good anyway.

If you are successful, you will win false friends and true enemies.
Succeed anyway.

The good you do today will be forgotten tomorrow.
Do good anyway.

Honesty and frankness make you vulnerable.
Be honest and frank anyway.

The biggest men and women with the biggest ideas can be shot down by the smallest men and women with the smallest minds.
Think big anyway.

People favor underdogs but follow only top dogs.
Fight for a few underdogs anyway.

What you spend years building may be destroyed overnight.
Build anyway.

People really need help but may attack you if you do help them.
Help people anyway.

Give the world the best you have and you'll get kicked in the teeth.
Give the world the best you have anyway.”

Kent M. Keith, "The Silent Revolution: Dynamic Leadership in the Student Council"



Foto Google

segunda-feira, 23 de março de 2015

ondeio flores por onde as névoas se dissipam

ondeio flores por onde as névoas se dissipam
e ondulo onde as águas magoadas me despem 

navego onde as aves perderam os bicos, e as ondas
trazem os algaços do mundo, solitários, enredados

procuro, onde as flores dissipadas caem de árvores 
e as árvores são de um verde-azul inexcedível

 o teu corpo ondeia sobre mim, e sobre o mar,
nos pensamentos que, cobertos de plumas, 
sofregamente se movem entre as tuas pernas
e, fugidios, mais rápidos que elas, deslizam

por entre os teus olhos. teimo em vê-los onde apenas as ondas

e as aves
e as névoas

existem.



Susana Duarte

domingo, 22 de março de 2015

Portuguese Gipsy People

http://observador.pt/2015/03/11/ciganos-do-alentejo-numa-exposicao-em-nova-iorque/

sábado, 21 de março de 2015

...ainda que o meu tenha mudado.



Amor

o teu rosto à minha espera, o teu rosto

a sorrir para os meus olhos, existe um

trovão de céu sobre a montanha.




as tuas mãos são finas e claras, vês-me

sorrir, brisas incendeiam o mundo,

respiro a luz sobre as folhas da olaia.




entro nos corredores de outubro para

encontrar um abraço nos teus olhos,

este dia será sempre hoje na memória.




hoje compreendo os rios. a idade das

rochas diz-me palavras profundas,

hoje tenho o teu rosto dentro de mim.




José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"




Quando o amor morrer


Quando o amor morrer dentro de ti,
Caminha para o alto onde haja espaço,
E com o silêncio outrora pressentido
Molda em duas colunas os teus braços.
Relembra a confusão dos pensamentos,
E neles ateia o fogo adormecido
Que uma vez, sonho de amor, teu peito ferido
Espalhou generoso aos quatro ventos.
Aos que passarem dá-lhes o abrigo
E o noturno calor que se debruça
Sobre as faces brilhantes de soluços.
E se ninguém vier, ergue o sudário
Que mil saudosas lágrimas velaram;
Desfralda na tua alma o inventário
Do templo onde a vida ora de bruços,
A Deus e aos sonhos que gelaram.



Ruy Cinatti



sexta-feira, 20 de março de 2015

deita-te a meu lado,
e fala-me da transcendência. diz-me
onde residem



 os poemas, e revela-me a luz de outrora.

deita-te nos meus braços,
e fala-me da saudade. diz-me 

onde reside a sede, e a fome, 

e a vontade de ser abraço, poema
inscrito num braço, 

que me prende e segura. conta-me 
dos dias sonoros,
e da velocidade dos movimentos 

dos dedos, quando, maravilhados,
inscreveram em si próprios 

o poema. deita-te a meu lado,
e reencontra, no corpo que se arqueia,


as palavras que procuras.

e fica. fica a meu lado,
e revela-me as ondas da paixão,


os olhares que desnudam, e a alegria
de se ser 
onde o poema se inscreve 

na carne.

deita-te a meu lado,
e fala-me da transcendência.

susana duarte



quarta-feira, 18 de março de 2015

Centro de Portugal

segunda-feira, 16 de março de 2015

CREIO QUE NASCESTE AINDA ANTES DAS CAMÉLIAS



creio que nasceste ainda antes de as camélias desabrocharem,

luz de todas as flores que me rodeiam, 
flor de todas as cores
da vida que tenho dentro. creio que nasceste ainda antes,
onde as rubras cores equilibraram asas 
de aves 
e as águas dos rios,

e as flores navegaram as águas de todas as veias. creio 

que me nasceste. creio que me és,
desde tempos anteriores, onde rios
desaguaram sobre os cabelos 
e neles deixaram impressos os dedos, os teus,
direção de todos os meus voos, luz de todos 
os meus caminhos. creio que me nasceste nas sombras azuis
da alma, onde o mar é mais brando 
e as noites dissipam névoas.


creio que nasceste antes de os meses serem meses
e os dias serem dias, 
e as noites serem noites, voador das minhas mãos,
sabedor das minhas dores,
iluminador dos meus caminhos. creio
que nasceste ainda antes das flores serem flores. 

as minhas mãos voaram até às flores do teu peito,
e sobrevoaram os densos ossos dos teus dedos,
e amenizaram a espera. cessou a ausência, e a luz

está onde estás tu, aquele que, creio, nasceu antes das camélias.


Susana Duarte


sábado, 14 de março de 2015

domingo, 8 de março de 2015

Dia da Mulher



Faz sentido, celebrar o Dia da Mulher?



Sim, fará sentido enquanto houver mulheres escravizadas; diminuídas na sua capacidade de expressão, apenas por serem mulheres; analfabetas à força, pela opressão a que são submetidas, a troco de se manterem vivas; traficadas; abusadas. Fará sentido, enquanto houver mulheres de burqa; mulheres que têm que se afirmar em segredo, correndo risco de vida por manifestarem a sua opinião; mulheres chicoteadas por conduzirem, por andarem nas ruas sem um homem a seu lado ou por mostrarem involuntariamente um pedacinho do tornozelo; mulheres que recebem menos, por igual ou superior trabalho; mulheres que não podem aceder a cuidados de saúde, porque não podem ser observadas por um homem, em países onde não há médicas, porque não lhes foi permitido estudar; mulheres obrigadas a casar com homens que não querem, ou em idades em que deveriam brincar com bonecas, e não amamentar bebés. Fará sentido enquanto lhes for negada a evidência de que, sendo mulheres, são o outro lado da humanidade, e não um estorvo, uma dôr, um ser que não deveria ter nascido. Fará sentido, enquanto houver meninas a morrer à beira da estrada, ou abusadas num autocarro, ou numa ida à casa de banho que fica exterior à casa onde habitam e deveriam sentir-se protegidas. Fará sentido, sim, enquanto a sua capacidade intelectual, além da capacidade geradora de vida, não for valorizada como é a de qualquer homem. Fará sentido, enquanto uma mulher, num cargo de poder, tiver que se afirmar por um diálogo semelhante ao de um homem.




Fará sentido, enquanto for necessário afirmar estas verdades. 




Feliz Dia da Mulher.


sábado, 7 de março de 2015

Contra a violência sobre as mulheres.

http://apav.pt/apav_v2/index.php/pt/918-cansada

sexta-feira, 6 de março de 2015

...forever and ever, or maybe never.





http://ryanwoodwardart.com/my-works/thought-of-you/
.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Breve beijo

breve beijo
dado sobre a orla
das ondas,

beijo breve, poema
escrito no ocaso
dos sonhos

breve foi o beijo,
poema inicial na boca
dos dias,

beijo breve da pele,
pele dos dias sobrevoados 
dos olhos

beijo-poema,
prosa obcordata
das manhãs,

poema inicial,
poema 

só.


Susana Duarte



terça-feira, 3 de março de 2015

domingo, 1 de março de 2015

Cotovias

confundo sempre a chegada das flores
com a miragem do regresso, embora saiba
com exactidão onde residem as memórias.

confundo a chegada das flores com os dias
das imagens interditas-entre ditos-entre dentes
do desejo e das auroras desfolhadas.

mas não sei onde nascem as corolas, 
nem onde se movem os dias insistentes-demorados
da partida. cantar a chegada das flores

soa, assim, ao canto fantasma das cotovias,
demoradas elas mesmas nos espaços abertos
das almas amanhecidas nas vertentes solares

das procuras e das almejadas marés azuis
onde, dantes,moravam os ombros 

e os corpos todos da espuma e do ar sobrevoado
por entre os interstícios das peles.

Susana Duarte