a impossibilidade de ser água
anuncia as mãos apartadas
dos braços, antecipando
madrugadas de raiva e suor.
eis as mãos onde as águas
despertam lágrimas ocultas
que se prolongam, manhãs
de chuva que nos devolvem
ao mar.
Susana Duarte
nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
a noite das aves é segura: serena os vôos, abranda os passos e faz soar as águas onde sapos coaxam e os minutos se escoam por...