quarta-feira, 26 de novembro de 2014

no voo abrupto das aves

voo,
talvez, no voo abrupto

das aves
melancólicas,

e nas fragas
por onde

rolam desejos.

Susana Duarte

(Fotos: Imogen Cunningham)






domingo, 23 de novembro de 2014

Maçãs rubras, de Susana Duarte (excerto)


Foto: Henri Cartier Bresson


noites                                                  brancas do sangue.                  corpo exangue


sobre o leito azul.                                                               as rubras maçãs do sorriso

eram manhãs                  elevadas à eternidade                      dos corpos dos amantes.


Texto: excerto do Poema "Maçãs Rubras", do livro "Pangeia", de Susana Duarte
(a lançar brevemente, pela Alphabetum Edições Literárias)

sábado, 22 de novembro de 2014

Olha-me nos olhos









sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Escrevo-te



(...)

escrevo-te palavras verdes, 

ornadas de levante. olho para as nuvens, 

meu triste poeta 

solto sobre os ventos traduzidos pelos poros do olhar, 

meu triste poeta flávio, 



meu triste poema sábio, escrito sobre a pele

(...)



Susana Duarte
"Pangeia"

A lançar brevemente pela Alphabetum Edições Literárias


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Be!

“Be yourself; everyone else is already taken.” 
― Oscar Wilde



quarta-feira, 19 de novembro de 2014

domingo, 16 de novembro de 2014

EXISTIR


.não existo.

                                      não sou mais do que o eco ambíguo de uma noite sem voz



uma noite tirou-me o sonho,

outra noite tirou-me a voz




                                               .não me resta senão diluir-me nas marés.


Susana Duarte
"Pescadores de Fosforescências"
Alphabetum Edições Literárias
Dezembro de 2012



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

silêncios surdos


raros são os silêncios surdos. 
os gestos,
esses,
nunca deveriam ser mudos.


Susana Duarte


Ella Wheeler Wilcox

We will be what we could be. Do not say,
"It might have been, had not this, or that, or this."
No fate can keep us from the chosen way;
He only might who is.

We will do what we could do. Do not dream
Chance leaves a hero, all uncrowned to grieve.
I hold, all men are greatly what they seem;
He does, who could achieve.

We will climb where we could climb. Tell me not
Of adverse storms that kept thee from the height.
What eagle ever missed the peak he sought?
He always climbs who might.

I do not like the phrase "It might have been!"
It lacks force, and life's best truths perverts:
For I believe we have, and reach, and win,
Whatever our deserts.



segunda-feira, 10 de novembro de 2014

domingo, 9 de novembro de 2014

"Mãos Grávidas"

(...)

descansei, após a investida das águas,                             mãos grávidas sobre o rosto nu, saliente,
das memórias             dos dias despreocupados de poder ser palavra fértil,        poema nascente,

nascente-fontanário de luz.                                              descansei, as mãos grávidas e o corpo nu. 



Susana Duarte
"Pangeia"
A publicar, brevemente, pela Alphabetum Edições Literárias.



A luz


(...)

surge em lugares secretos,

Nos limites do pensamento, onde à chuva se sente melhor o seu aroma;

Quando a lógica morre,

O segredo da terra cresce através dos olhos,(...)
___________________________[Dylan Thomas]




http://www.coimbracanal.com/?cat=1

terça-feira, 4 de novembro de 2014

foi o beijo, e não a morte

foi o beijo, e não a morte, que venceu a noite. foi o beijo.
foi o beijo que iluminou as ondas, incautas e altivas, onde
o mar arredava os gritos e os medos confrontados pelos 
lábios, onde o beijo, vivo como a vida inscrita nas veias,
desfez o grito das aves. foi o beijo, que me levou,
quando o dia se desfez em lágrimas de escura e fria
chuva. foi o beijo, e não a morte, que venceu os lábios.

Susana Duarte



domingo, 2 de novembro de 2014

Eis-me

Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face

Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo
[em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio

Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente

Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Livro Sexto'