domingo, 29 de janeiro de 2017

Durante tutto il viaggio la nostalgia non si è separata da me
non dico che fosse come la mia ombra
mi stava accanto anche nel buio
non dico che fosse come le mie mani e i miei piedi
quando si dorme si perdono le mani e i piedi
io non perdevo la nostalgia nemmeno durante il sonno

durante tutto il viaggio la nostalgia non si è separata da me
non dico che fosse fame o sete o desiderio
del fresco nell'afa o del caldo nel gelo
era qualcosa che non può giungere a sazietà
non era gioia o tristezza non era legata
alle città alle nuvole alle canzoni ai ricordi
era in me e fuori di me.

Durante tutto il viaggio la nostalgia non si è separata da me
e del viaggio non mi resta nulla se non quella nostalgia.

-- Nazim Hikmet


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

o teu sonho será a pele
que vestiu o rosto
da neve, nos dias brancos

da minha existência.

o teu sonho será a neve
que me vestiu a pele 
do rosto nos dias-todos os dias-
da ausência.

vestiria a nudez do olhar 
sob as escamas 
de um peixe nacarado.
procuro-te. o sonho
onde habitas é ainda
a ilha desconhecida 
do silêncio.


Susana Duarte

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017


“Se tu estás feliz num sonho, será que isso conta?”



- Arundhati Roy, O Deus das Pequenas Coisas

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

não sei de que falas, quando falas de amor





não sei de que falas, quando falas de amor,

nem o que dizes, quando me cicias flores de espanto


nos ouvidos-maio

onde os cabelos descobrem

nuvens novas de sede e de adeus

aos lamentos. não sei de que falas, quando prometes

madrugadas novas e algaço,

mar das minhas mãos, sargaço azul

de peixes voadores. não sei de que falas.

tornaste-te um estranho,

aurora plúmbea de todas as areias, raro

como as noites boreais

que nunca verei.

estranho ser que te descobres vertente úmbria

dos sonhos, imagem breve

da retina solta, imagem solta de um olhar breve,

poeta-imagem do corpo de outrora,

onde o dia se faz noite, e a noite, essa,

já não se demora sobre mim.

Susana Duarte