domingo, 28 de abril de 2013





AUSÊNCIA






















Faltam-me as pétalas com que escrevo a dor de não te abraçar

na colorida floração de uma primavera dorida

onde a tua voz é espectro de um amar

que não encontra a própria ferida

para, enfim, a curar,

da dor desmedida

da ausência

de ti.


Susana Duarte
"Pescadores de Fosforescências"
Alphabetum Edições Literárias 

sábado, 27 de abril de 2013



ESTRANGEIRO



Sou estrangeiro.

Sou luz e nevoeiro em noites de som,

maravilhosa quimera onde a lua se perdeu

e eu…eu fui Canção, e a Canção foi, em mim,

luz e tom das notas de um piano.



Sou estrangeiro.

Caminho por ruas onde me penetro nas flores da Alma

e me encontro, nos corpo de uma onda calma. Mulher-

ave, Mulher-Alma e Mulher-Vida, em cujo corpo entro

na noite…e na vida.



Na cama, a lua.

Na noite, a rua.

Na vida, a chama.



Sou estrangeiro.

Pernoito nas noites.

Pernoito nas veias de uma alma nua,

de uma cidade e de uma rua, onde se diz que Jesus amou

uma mulher. Mulher-Alma, Mulher-Luz, Vida e Ser.



É nela que me deito.

É nela que me canto.

E se, nela, me aceito,

será nela que respiro e vivo

a Vida…e o espanto.



Sou estrangeiro.

Na Balada, escondi noites em que fui só

e, na estrada, encetei caminhos em si bemol.

No Norte, sou do Sul e, no Sul,

sou de onde cantam Guitarras e o céu azul

enfeitiça as margens dos meus olhos.



Não são negros, os meus olhos. Não….

são da cor do dia incerto e do mar liberto

onde ondas de vida me encontram na Paixão.



Sou estrangeiro.

Maçã de voz que se agita ante a imagem da vida.

Viajante em terras onde sou Casa e onde sou Sangue.

Labareda de um andamento lento que me traz

…e me refaz as lágrimas e me transforma em



SAUDADE!



Sou estrangeiro.

E, sendo estrangeiro, posso viver a minha verdade.

Ser aqui e Ser além, onde a vida, porém, me seduz

e encanta na etérea e rósea Luz de me saber Alguém.



Porque sou estrangeiro….

e a vida espera-me aqui.



Candelabro que me segura, cotovia que me canta e mão que me desfaz em brilho nas margens de um rio seguro.



2 de Setembro de 11 (àCapella)

Susana Duarte (poema e foto)


"Pescadores de Fosforescências"


ISBN: 978-989-8590-02-2

Edição: dezembro 2012

Editora: Alphabetum - Edições Literárias

Autora: Susana Duarte

sexta-feira, 26 de abril de 2013

MANHÃ BRANCA


________manhã branca dos meus braços_______

perguntas quem sou, perguntas quem és, 
manhã branca dos meus braços, braços
brancos do meu peito, onde inspiras liriodendros
e vives no ar da minha sombra. percorres-me,

______manhã branca dos meus braços__________,
como se percorresses a vida das tuas veias,
e perguntas quem sou, e perguntas quem és,
aurora branca das manhãs em que te acordo

e em ti, me sinto manhã branca dos teus braços.

Susana Duarte
poema e foto

quinta-feira, 25 de abril de 2013




dorme.

dorme, 
na serena noite das glicínias,
onde aves voam caminhos de luz
e as luzes dos sonhos são fosfenas nos olhos.

dorme.

dorme.


Susana Duarte







domingo, 21 de abril de 2013



« - Amoureux ? Qu’est-ce que c’est ?

- Ça.

- Non, ça je connais ; c’est la volupté.

- La volupté est une conséquence, elle n’existe pas sans l’amour.

- Alors l’amour, c’est quoi ?




Ta voix, tes yeux, tes mains, tes lèvres, le silence, nos paroles, la lumière qui s’en va, la lumière qui revient, un seul sourire pour nous deux, pas besoin de savoir, j’ai vu la nuit créer le jour sans que nous changions d’apparence, ô bien aimée de tous et bien aimée d’un seul, en silence ta bouche a promis d’être heureuse, de loin en loin dit la haine, de proche en proche dit l’amour, par la caresse, nous sortons de notre enfance, je vois de mieux en mieux la forme humaine comme un dialogue d’amoureux, le cœur n’est qu’une seule bouche, toutes les choses au hasard, tous les mots dits sans y penser, les sentiments à la dérive, les hommes tournent dans la ville, le regard, la parole et le fait que je t’aime, tout est en mouvement, il suffit d’avancer pour vivre, d’aller droit devant soi, vers tout ce que l’on aime, j’allais vers toi, j’allais sans fin vers la lumière, si tu souris, c’est pour mieux m’envahir, les rayons de tes bras entrouvraient le brouillard. »

dialogue d’ « Alphaville », de J. L. Godard, avec Anna Karina et Eddy Constantine, 1965

Texte d’après Eluard, « Capitale de la douleur ».




PROCURA


encontro-te nas luas azuis 
de todas as marés do meu corpo,
e em todas as marés, encontro as noites
perfumadas de mirtilos. encontro-te

em cada onda que morre e em cada maré viva.

és, de todas as praias, a mais rubra
manhã dos meus olhos quando, em cada movimento,
ondulas seiva e me respiras.

encontro-te onde as frutas 
me perfumam com a luz dos teus olhos,

e o azul-maré-recanto dos teus olhos, é a vida
que me cresce dentro e ilumina as veias
onde navegas. Mais não somos, senão ondulações 
das letras 
com que escrevemos o futuro

sobre o qual caminhamos.

susana duarte
(palavras e foto)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

FALTAS-ME





e, a cada dia que passa, sinto-te a falta, aurora azul

das magias que partilhamos, sabedoras das aves raras
sobre cujas asas voamos, quando a cúmplice e eterna 
noite, nos encoraja a ir além de nós e dos cumes de neve
onde choram saudades antigas e o amor se torna leve.
___________________faltas-me____________________ 

(Susana Duarte)

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Gli innamorati si abbracciano l’un l’altro, ma sopratutto abbracciano quel che vi è tra l’uno e l’altro.
Autore: Kahlil Gibran

QUI TI AMO 


Qui ti amo. 
Negli oscuri pini si districa il vento. 
Brilla la luna sulle acque erranti. 
Trascorrono giorni uguali che s'inseguono. 

La nebbia si scioglie in figure danzanti. 
Un gabbiano d'argento si stacca dal tramonto. 
A volte una vela. Alte, alte stelle. 

O la croce nera di una nave. 
Solo. 
A volte albeggio, ed è umida persino la mia anima. 
Suona, risuona il mare lontano. 
Questo è un porto. 
Qui ti amo. 

Qui ti amo e invano l'orizzonte ti nasconde. 
Ti sto amando anche tra queste fredde cose. 
A volte i miei baci vanno su quelle navi gravi, 
che corrono per il mare verso dove non giungono. 
Mi vedo già dimenticato come queste vecchie àncore. 
I moli sono più tristi quando attracca la sera. 
La mia vita s'affatica invano affamata. 
Amo ciò che non ho. Tu sei così distante. 
La mia noia combatte con i lenti crepuscoli. 
Ma la notte giunge e incomincia a cantarrni. 
La luna fa girare la sua pellicola di sogno. 

Le stelle più grandi mi guardano con i tuoi occhi. 
E poiché io ti amo, i pini nel vento 
vogliono cantare il tuo nome 
con le loro foglie di filo metallico. 

Pablo Neruda


(A TE)