e de asas, de rémiges
escritas nos dedos
e de navegação da pele
sobre as mágoas antigas.
do voo, nada digas:
sobrevoa as costas
das memórias, e transforma
o poema na escrita da carne.
Susana Duarte
nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
evidenciado pelas manhãs rubras
das vozes antigas,
encerra uma novena,
uma prece dirigida aos cadavres-exquis
que povoam a mente lúcida.
houvesse apenas desconhecimento,
e o riso sobressaltaria a noite.
há um destino em cada palavra,
e nenhuma me conduz a ti.
Susana Duarte
Susana Duarte