quinta-feira, 28 de julho de 2011

Magnólias são candeeiros....

Há magnólias e açucenas no caminho percorrido em cada história;
deuses presentes na permanência da memória. Deuses cuja estória
afasta medos perenes e momentos de sonolência, onde flores murcham,
e ondas marulham... nas vozes desses deuses: alienados de um mundo onde
os sonhos parecem sons estranhos, de apaixonados silentes num beco escuro, e
as magnólias são candeeiros que iluminam o caminho percorrido por passos...
estranhos. Entranhados na noite. Estranhados por si próprios. Saberão
para onde caminham? Por que becos vão? Por que estradas...
....por que noites...por que fontes....por que horas ensaiadas
em anseios de noites estreladas onde viajam anjos crentes.
Talvez fadas....talvez duendes brincalhões, que tapam
as pedras do caminho e permitem ilusões. Onde?...

Onde?....


Susana Duarte

domingo, 24 de julho de 2011

URGÊNCIA

.abro-te os lábios com a urgência
de quem desce as águas fortes de um rio
e, nelas, não pára a corrente que me conduz
ao eterno que em ti reside e me leva às tuas pernas
sobressaltadas onde a luz dos teus beijos te eleva o corpo
na voz da noz da flor do desejo. da flor da paixão. onde te sei.


Susana Duarte

sábado, 16 de julho de 2011

Agora

.inscrevo ondas na paixão soturna do canto das aves.
.escolho naves onde se fundem poemas soltos e naus.
.inscrevo pares de pés na caminhada solta das naves.
.esqueço a tarde e voo para ti; parto de onde sou ferro e paus.
.contigo, torno-me rio e flores, e alma e sul e real e agora.




Susana Duarte


(QUADRO DE NADIR AFONSO)
.invadem-me. tomam conta de mim.
.fantasmas sem asas e de noites sem fim.

...não sei, mas pressinto... que não sei onde estou.

.procuro-me na luz do regresso. procuro-me na luz de mim.
.procuro o brilho das cerejas rubras-negras e das flores-açucena-brancas.
.procuro a fonte das sementes onde me sorris e me sonhas. e acenas. e andas...

...andas sobre as cinzas e não antevês os dias de sol. Vida em caracol. sombras.

.sombras.

.sombras.

.sombras....

Susana Duarte

quarta-feira, 13 de julho de 2011

.escrevo o verão no teu rosto.
.escrevo o pão na tua fome.
.escrevo o teu nome nas ruas.
.escrevo as minhas mãos nas tuas.
.escrevo versos onde te sei luz e flores.
.escrevo-te no corpo, onde vivem sabores.
.escrevo-te a pele na pele na pele dos ossos
onde moras e ris e vives e comes a maçã do meu rosto.


terça-feira, 12 de julho de 2011

.meu sol e meu mar. meu azul e minha lua.
...transparente verdade da minha alma...
.meu girassol no verde do campo e da rua.
.serena amplitude de tua presença calma.


domingo, 10 de julho de 2011





em crescendo
soluça em mim a noite
que quero ver nascer de meus olhos
quando as ondas me prolongam o tempo e os sonhos
e a música tocada pelos teus dedos é o toque de harpista delicado
que me envidraça na cúpula dos seus olhos e me faz tremer as mãos e a voz.

Susana Duarte





Talvez seja apenas
uma canção de embalar....ou um grito
voltado para a luz
que nos brilha dentro do corpo.
Pode ser uma flor ou o mar,
ou a violência de um sentimento....
Poderia ser a maçã
comida a dois, ou a fruta que cai
da árvore, antes ainda do amanhecer.
Mas será, antes,
a flor
que nos tinge de vermelho
o rubro desejo
de cada noite.

Susana Duarte

segunda-feira, 4 de julho de 2011

CEREJA

Será do violoncelo-mulher finita- ou das notas-fruto alado....
...será da noite-escura, será do fado. Fado-eterno-descontente,
ou apenas da semente, onde poiso os olhos e sonho águas.

Afinal...serei sereia, ou talvez ave sem asas. Grifo, quimera,
Ilusão. Talvez seja, afinal, a eterna procura de uma cereja
__________que tempere a estranha solidão_____________

ÁGUA

Todos passaremos pela terra e seremos borboletas finitas,
cavalos de fogo em terras de paixão inclemente e flores
do deserto em chão eternamente quente, de sáfaras e dores
onde deixaremos as cores e os olhares onde infinitas mágoas
se plantam nos pequenos catos do deserto onde vivemos.



sexta-feira, 1 de julho de 2011

vou escrever uma flor no suor de um poema
e, da canção de amor, farei um sol, no tema
que se inspira no rosto que me visita os dias,
e me interioriza nos caules de plantas-memórias,
e de fotografias disparadas ao luar do tempo.