quarta-feira, 30 de setembro de 2009


As Amoras

O meu país sabe as amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

Eugénio de Andrade ("O Outro Nome da Terra")

domingo, 27 de setembro de 2009


(foto do Parque da Cidade de Coimbra, num anoitecer nublado)

Entre os "monstros" com que diariamente deparamos,saberemos encontrar a Beleza?

E encontrando-a, saberemos desfrutar dela?

E desfrutando dela, saberemos agradecer a dádiva de estar perante Ela?

(por Beleza entendo aqui o que o Ser Humano tem de mais elevado: a Cognição, a Emoção, a Ética, a Estética, o Conhecimento, a Linguagem...).

Saberemos nós entender os escolhos como meio para a auto-realização?

Cada dúvida, cada dificuldade...no fundo, cada "monstro"..., põe-nos mais "perto do céu?"
Pobres de nós, seres humanos, se não acreditarmos...no poder da Lua...no brilho das estrelas...

...no Amor...
...na Compaixão...
...na Lealdade...
....na Bondade...
...na Magia...
...Na Amizade...
...na ternura...

...na Eternidade...

Se não acreditarmos, estaremos, talvez, entre Cila e Caribdes...monstros horrorosos que existiam para dificultar a viajem dos audazes, e com que Ulisses teve que se confrontar. Com que "monstros" nos confrontamos nós?

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Coimbra



Coimbra, cidade mágica...
Coimbra é noite, é luar e desassossego..
Coimbra é rua, multidão, palavras soltas.



É mulher, sabedoria e tradição.
É Coimbra...e Coimbra é Universidade, é rio, é capas pretas...



Coimbra é a voz que se levanta, a música que se canta, a serenata que anima a rua.
É a voz que canta à meia noite.
É noite sem tristeza e é saudade pela noite fora.
É Coimbra, a do Mondego...
É Coimbra...da saudade...
É paixão que não esmorece.
É amor sem idade.
Coimbra é luz e sombra e todas as cores das vielas.
Coimbra é cor, cor das fitas que se erguem para o amanhã.



Coimbra, cidade mágica...



Cidade da canção.
Cidade da toada, da música sentida, da semente deixada para sempre, em cada pedra da estrada.
Coimbra é o rio e as suas cores. História e modernidade.
Repúblicas de estudantes, alegria....eternidade.

YouTube - Twilight Soundtrack - Edward's Song for Bella (Piano)

YouTube - Twilight Soundtrack - Edward's Song for Bella (Piano)

sábado, 19 de setembro de 2009



(Fotos minhas)

Despeço-me do Verão como quem se despede de um amigo.

Cada raio de sol é, agora, apreciado, sorvido e sentido com intensidade inusitada. Não tarda, a chuva cairá (as folhas caem já, castanhas, secas, no chão húmido da bruma da manhã...).

Vou à praia pela tarde.


As ondas, bravias, reflectem o temor da finitude. Mar imenso...a cada Verão que passa, amarelecidas as folhas, permaneces; nós, que te olhamos, amarelecemos também. Vibrantes, é certo. Expectantes. Até, talvez, um pouco soberbos: por vezes, cremos viver para sempre. Desafiamos a Vida como quem soubesse ser imortal. Não sabemos nada...e, no entanto...imaginamos que sim. Tantos livros para ler, tantas praias para calcorrear, tanta Vida para Viver! Ainda assim...tardamos em perceber que somos, também nós, uma folha que espera por amarelecer. E sonha com essa ventura.

O Outono não tarda...

Despeço-me do Verão como quem se despede de um amigo. As folhas vão cair. As árvores ficarão nuas, despidas de vida evidente... mas quando chegar a primavera, cheias de vida latente, ver-me-ão saudar, de novo, o Verão que se antecipa na brisa suave da tarde.

Cheio de promessas.


Corremos. Corremos para aqui, para ali,para levar os filhos à escola, para cumprir prazos, metas,objectivos...Corremos porque, em dada altura, já precisamos do ritmo alucinante (alucinado?!) que levamos. Será uma desculpa para não olharmos?...



A correr, desatamos os nós do afecto.

É tempo de ter tempo para regressar às origens e, simplesmente, ver. Apreciar. E SER!

e.e.cummings


who knows if the moon's
a balloon,coming out of a keen city
in the sky--filled with pretty people?
(and if you and i should

get into it,if they
should take me and take you into their balloon,
why then
we'd go up higher with all the pretty people

than houses and steeples and clouds:
go sailing
away and away sailing into a keen
city which nobody's ever visited,where

always
it's
Spring)and everyone's
in love and flowers pick themselves





e.e.cummings

sábado, 12 de setembro de 2009



Após o post "Domingo de sol", em que retratei o Castelo de Montemor-O-Velho, o Cirrus fez um comentário referindo a lenda da princesa moura Zuleida (ou Zuleyma, em alguns textos). Zuleida era uma princesa muçulmana, trazida de Granada, passando a viver no alcácer do castelo de Montemor-o-Velho. Muito bela, era conhecida como “Flor do Mondego".
Já referi aqui que trabalho na APPACDM de Coimbra. Uma das suas Unidades Funcionais é, precisamente, em Montemor-o-Velho, onde um grupo de jovens utentes da Instituição, que constituem o Grupo de Artes e Espectáculo, dramatiza o livro «Zuleida, a princesa moura», de autoria de Lurdes Breda.

Tomo a liberdade de o reproduzir aqui.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

“ There is a silence where hath been no sound. There is a silence where no sound may be in the cold grave under the deep deep sea. "



Assim começa, e assim termina, "O Piano"...esta frase de thomas Hood é retirada de um poema, "Silence", que serve de mote ao iníco da história de Ada. Com Holly Hunter, Anna Paquin, Harvey Keitel e Sam Neill, "O Piano" é um belíssimo filme, datado de 1993, que já toda a gente viu...mas encerra em si uma história intemporal, uma música que se tornou bestseller ( além de intemporal...). Fala de Ada, uma mulher muda, obrigada a casar-se numa terra longínqua, chuvosa e lamacenta, onde aporta com a sua filha, Flora.Ada é muda, não se dizendo de forma clara o porquê. Comunica por gestos mas, acima de tudo, comunica através do seu piano, tocando incessantemente. O piano é deixado pelo seu recém, embrutecido, marido, que o deixa na praia da Nova Zelândia onde são deixadas Ada e Flora. Ada toca na praia as canções da sua solidão e desespero. Estabelece uma relação com o único homem que aparenta ter vontade de a ajudar, que vive entre os Maori, e que se deixa fascinar pela relação de Ada com a sua música, trocando terras pela possibilidade de levar o piano e receber lições de Ada. Na verdade, quer apenas ouvi-la tocar, e estar a seu lado, dando-se início a uma relação ambivalente entre estas duas pessoas extremamente solitárias. O marido começa a desconfiar. Nada entre eles é amor, nada entre eles é intimidade. Ada tem que ficar em casa. Faz de Flora o meio de comunicação com o seu amado; esta, que se habituou a ver o marido da mãe como "papá", entrega um bilhete ao marido, não ao amado. Furioso, aquele corta o indicador de Ada.O casamento é dissolvido. Ada e Flora partem. Na mesma praia onde chegou, Ada manda o amado afundar o Piano, e Ada deixa-se levar por uma corda que a puxa para a água. Na água, entende que não se deixará morrer, e procura libertar-se da corda. Inicia uma nova vida com a filha e o seu amado, dando lições de piano, com um indicador de prata.
Sensível, aparentemente sereno, belo e intemporal. A música de Michael Nyman é absolutamente adequada ao ambiente. E ficou como uma música de e para sempre.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Selos que recebi...


Recebi dois selos da Graça ( Zambeziana), que vou exibir comorgulho já já já, aí ao lado. Mas primeiro...as Regras:
*Exibir o selo
*Indicar o link do blog de quem o recebi
*Indicar outros 5 blogs (a caminho....vamos por partes!)

*Dizer qual o sentido que melhor me descreve:
- Audição...sou descoordenada, ando sempre aos trambolhões a tudo, mas consigo ouvir 3 ou conversas ao mesmo tempo e ainda deitaros olhos no que me rodeia...confesso que dá jeito...

*Para cada Sentido responder às perguntas:

- Audição: Qual o som que mais gostas de ouvir?
A voz da minha filha

-Visão: Qual a tua imagem favorita?
Um dia de sol, a luz.

-Tacto. O que mais gostas de sentir na pele?
O sol quente sobre o rosto. Uma mão amiga que me dá a mão quando preciso.

-Paladar: Qual o teu sabor favorito?
Chocolate!!!!!!!

-Olfacto: Qual o cheiro que te faz bem?
Essa é difícil....os cheiros trazem memórias doces. Cheirinho a bolo acabado de fazer? Dá uma sensação de acolhimento e serenidade...

Ofereço-os a:
Namorado da Ria
Lusibero
Cova do Urso
Sair das Palavras
About:Portugal
Blog do Luar Encantado

Beijinhos!!!

domingo, 6 de setembro de 2009

Domingo de sol







E porque hoje foi um belíssimo Domingo de sol...eis que peguei em mim e na minha tagarela companhia e lá fomos nós até Montemor-o-Velho.
Havia festas na terra, e a confusão de gente não permitiu parar o carro e andar a pé. Mas voltámos de bom grado ao seu belo castelo.

Situado no distrito de Coimbra, o concelho de Montemor-o-Velho remonta à pré-história, tendo sido ocupado por diversos povos, como romanos, visigodos e muçulmanos. Numa zona alta, está o dominante castelo, cujas primeiras referências documentais remontam ao século IX, classificado Monumento Nacional.

Dentro dos seus muros, encontramos a Igreja de Santa Maria da Alcáçova, que remonta ao século XI.

sábado, 5 de setembro de 2009

Jardim Botânico da Universidade de Coimbra






O Jardim Botânico da Universidade de Coimbra é um local aprazível, onde adoro passear para apreciara serenidade do espaço, a beleza, a grandiosidade de algumas das árvores que lá encontramos. Foi criado em 1772 no âmbito do Museu de História Natural, instituído pelo Marquês de Pombal, durante a reforma pombalina dos estudos universitários.O que se pode ver é uma dança da natureza, desde a Alameda Central, à Avenida das Tílias...De acordo com a página do Jardim Botânico, na net, este é membro da Associação Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos e da Botanical Gardens Conservation International. Há áreas reservadas a visita guiada, sob marcação. Deixo algumas imagens captadas numa tarde quente de Agosto, que não são senão um chamariz para novos visitantes!

Sophia


Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida

Nunca mais servirei senhor que possa morrer
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu sentir. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.

Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz, e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.

Sophia de Mello Breyner Andresen