espero por ti,
como se espera por um fantasma,
e caminho na noite
como se as esquinas me devolvessem
o sorriso de outrora.
espero pelo teu regresso
e não alcanço senão o dedo esticado
(por mim) a oriente.
não sei onde moram os beijos
prometidos, ou a sensação latente
do teu regresso. partiram contigo
e, todavia, espero ainda pelas mãos,
as tuas,
pelo toque das palavras,
e pelos dias da mansidão clara
das quimeras.
espero, ainda, que tragas contigo
a suavidade das maçãs rubras
do desenho dos corpos,
a metafísica das águas,
e a iluminada crença
na paixão com que delimitas
os meus passos, me cerceias
as asas
e destróis os beijos.
melhor seria ver-te desfazer
os espectros com que me rodeias
e dar lugar ao vôo largo
de outras chegadas.
Susana Duarte