quarta-feira, 1 de outubro de 2025

A Maria Elisa Rodrigues Ribeiro, minha querida e amada Mãe

 chama pelo meu nome,  quem me dera ouvir-te chamar pelo meu nome            como chamaste 

as aves sem céu,             as aves perdidas 

sobre o vôo lento das ondas, as aves em mim contidas e em ti nascidas,      as aves, as flores


tantas flores, as tuas amadas flores, 

as tuas amadas aves, em cada uma das manhãs 

    reclamadas pelo sangue

        dos dias, recompensados pelo encontro 

 e pela suavidade de terminar, nesse encontro,

          a tua solidão diária, eterna, só como o meu nome, que me deste e que é teu


chama-me pelo nome, chama-me, em sonhos talvez...chama-me, ouve-me as súplicas e olha para mim.                  em todas as auroras

percebidas e, sobre cada uma 

das manhãs antecipadas pela lágrima 

    chuvosa da ausência,    constrói-me os dias 

      

              da redenção. constrói -me os dias, fala comigo, diz-me que sabes que mudou tudo 


e oprime as lágrimas, as minhas. 

       devia oprimi-las, por te saber serena, sorridente, saudável, plena como eras

antes dos dias, 


daqueles dias, 

dos anos roubados pelo medo e pelas veias e pelas tonturas, antes desses dias, eras feliz e    

               

             sorrias.


digo o teu nome, e corre por entre as ruas

             a sombra  da sombra do meu ser antigo,

aquela que eu era, sem saber o que era, 

e agora sei o que queria, só agora que não te tenho perto, nesta maldita segregação dos  

   corpos 


e dos olhares. movo-me 

     sobre a lâmina fina da tristeza, onde me dizem que não posso, que o tempo, 

        que o tempo.....o tempo, nada! o tempo não sara, não cura,       não aquece


o tempo, nada! 

parem de me dizer que o tempo

o tempo

o tempo


quando o tempo...nada! 

o tempo rouba, roubou-me a alma 

      escrita numa noite 

    número sete, quase 8, de um dia roubado ao tempo que me dizem ser a cura. a cura de quê? 

a cura? voltas? voltas desse dia 7, desse dia quase 8, morte prematura no dia nascituro 


de um destino que eu não quis, 

que eu não quero?


sabes onde estou, porque caminhas

    por entre os ares e as luzes e as gotas 

das águas desafiadas         pela conjunção das imagens

        que nos povoaram             os dedos

e que, agora, me deixam por entre flores 

     solitárias e aves que oiço a querer 

que as ouvisses. e não te oiço, e desespero


e quero-te aqui, aqui, por entre os vasos 

que multiplico desejando que os vejas


e apenas os dedos multiplicam

      manhãs novas e gritos lúgubres na pele de ser ave que não te vê.


chama-me. chama-me.


Tua filha, para sempre.




💐✨✨🤍✨✨💐

A Maria Elisa Rodrigues Ribeiro, minha querida e amada Mãe

 chama pelo meu nome,  quem me dera ouvir-te chamar pelo meu nome            como chamaste  as aves sem céu,             as aves perdidas  s...