suspensa nas tuas palavras,
pétala descaída de uma flor iníqua,
resta-me a memória.
és, foste, terias sido,
o parto feroz,
a corrente avassaladora de uma maré.
suspensa nas memórias das tuas mãos,
sombra flutuante
de uma margem qualquer,
permaneço.
permaneci angustiada na espera
de uma qualquer vontade,
tão inglória quanto insignificante
e tão frágil quanto uma gota de orvalho.
as mulheres suspensas nas memórias
são as mesmas que se espelham
em olhos alheios,
tão estranhos quanto o miado
dos gatos, e tão solitárias quanto eles.
Susana Duarte