a tristeza é um túnel
onde a procura do sal e do fogo
nada diz (aos outros) sobre as ausências
(que são as nossas).
sei do sal e do fogo
das ausências, e da morte que me enterra
onde, dantes, julgava ver eternidade.
nos lugares dos fogos-fátuos
e das flores
e das velas
residem anjos antigos
e reencontros
de alma e de lágrimas,
de fé onde ela resiste
e de morte da fé onde as ausências
se tornaram insuportáveis.
fugir da tristeza
(ainda que dela fujamos)
é cair no poço lamacento de não ser nada
(mesmo que tenhamos sido tanto).
a tristeza incomoda os outros
quando não sabem o que fazer dela:
dão-lhe um tempo para existir,
um tempo normal, dizem (depois,
tens que aceitar a partida
e viver): afinal, "ela não quereria que fosse assim".
e assim é, nas horas azuis e brancas
da saudade e da falta da voz
e da mão carinhosa que se dava ao serão
sobre um sofá.
a tristeza devia ser banida dos olhos
de quem é triste, ser ocultada
das ruas e das vielas
e permanecer quieta sob as águas
de um chuveiro
ou sobre os lençóis
ou mesmo junto das flores
onde ninguém vê e, assim, ninguém sofre
as dores dos outros.
a tristeza tomou conta
das ruas por onde caminho,
por entre folhas caídas na calçada
e rosas outrora tocadas pelas tuas mãos.
2/11/2025
Dia dos Fiéis Defuntos
Uma oração mais por ti ✨🙌✨🤍🙏
....e por nós.
Tua filha, Susana.
Maria Elisa Ribeiro ✨🙌🤍minha querida mãe ✨
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