domingo, 24 de junho de 2012

sou da ausência,
como sou da noite

escrevi-me na escuridão das almas
e inscrevi-me na ausência da pele

...
sou da ausência,
como sou da reflexão,

no espelho,

do que outrora sonhei; solidão das almas,
indesejada; inscrevi-me na ausência dele.

sou da ausência,
como sou dos sentidos,
nascida na noite das chuvas,
sonhada no tempo das uvas e,
violentamente, ausente de mim,
arrancada do peito que um comboio me roubou.

sou da noite, onde a noite findou.

resta-me, agora, descobrir quem sou.

Susana Duarte

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