segunda-feira, 25 de setembro de 2017

"I want to be cured of a craving for something I
 cannot find, and of the shame of never finding it"

T.S. Eliot

sábado, 23 de setembro de 2017


saúda-me a tristeza, a partir das janelas de onde, antes, brilharam estrelas de vida, ante a visão de ti e das tuas carícias. saúda-me, e eu deixo. saúda-me a saudade, e eu deixo. saúda-me a vida que tive dentro, quando contigo sonhava. e eu deixo. saúdas-me tu, no abraço demorado que me deste e, todavia, me prometes. e eu deixo. saúda-me a tristeza, mas não te deixo partir. saúda-me a vida antes de mim própria. e eu deixo. saúda-me o brilho dos teus olhos. e eu deixo. neles vivo. neles morro. e eu deixo que a vida me preencha de vida. e eu deixo que a vida me preencha de morte. e eu deixo. mas deixo sobretudo que o sonho não morra. deixo que me vivas. deixo que me habites cada movimento das pálpebras. deixo que me sonhes. deixo que tenhas saudades de mim. mesmo quando a tristeza me habita. mesmo quando a saudade me desespera. habitas-me. não sei ser sem ti.

Susana Duarte


segunda-feira, 18 de setembro de 2017

“There is no Greater Agony…
Than Bearing an untold Story inside You…”

Maya Angelou (1928-2014)

Ph

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Dandélio. Creche e Jardim de Infância, em Coimbra

O Colégio Dandélio resultado de uma iniciativa da APPACDM, disponibiliza à comunidade local um novo espaço dedicado ao desenvolvimento infantil, que se pretende pedagogicamente diferenciado, acolhendo uma creche e um jardim-de-infância.
O edifício está construído em terreno urbano, numa encosta da cidade de Coimbra e o seu desenho procura compatibilizar a resposta ao programa funcional com o respeito pela morfologia envolvente, embora sugerindo novas regras arquitectónicas. As restrições orçamentais foram também determinantes, resultando numa estrutura modular que se reflecte na própria fachada. A acessibilidade universal é especialmente importante neste âmbito e, nesse sentido, eliminaram-se quaisquer barreiras físicas que constituíssem obstáculos à livre circulação de todas as crianças, garantindo que, apesar do projecto se desenvolver em dois pisos, se reservavam ao piso inferior áreas de serviço como balneários do pessoal, lavandaria, arrumos e garagem coberta libertando-se o piso térreo para reunir as principais áreas funcionais do programa.
A organização cruciforme da planta permite que o átrio comunique directamente com as áreas comuns – salas de professores, administração e instalações sanitárias acessíveis – bem como com a creche e jardim-de-infância. A Creche, destinada a crianças até aos três anos de idade, inclui um berçário, copa de leite, zona de higienização, sala-parque e duas salas de actividades. À excepção dos sanitários dedicados, todos os espaços comunicam entre si e permitem a observação e controlo permanente. Por sua vez, o jardim-de-infância reúne duas salas de actividades, instalações sanitárias, sala de refeições e sala polivalente, sendo que estas duas últimas são espaços partilhados que, através de divisórias amovíveis, permitem a sua utilização autónoma ou em conjunto, beneficiando ainda de uma relação directa com o espaço de recreio coberto.
No interior, o pavimento vinílico azul e a cor natural dos elementos de carpintaria destacam-se dos restantes materiais cuja predominância do branco pretende criar uma plataforma neutra interactiva apropriável pelas crianças. O recreio exterior apresenta-se vedado pela arquitectura do edifício e pelos muros que delimitam o lote. Tem exposição solar privilegiada, acesso directo a partir das salas de actividades e, através de uma rampa, dará acesso a um segundo espaço de recreio, a localizar à cota baixa do logradouro, que incluirá as hortas pedagógicas que complementam as actividades lúdicas no exterior.
A Criança está no centro de todas as decisões relativas a este processo, e esse cuidado manifesta-se quer na atribuição da melhor exposição solar, ventilação natural e contacto com o exterior às salas destinadas à estadia das crianças, quer em momentos arquitectónicos singulares, como a dupla escala dos vãos exteriores, que resulta na imagem de marca deste empreendimento.







Fonte: Do mal o menos, blog de Arquitectura (http://www.domalomenos.com/)


segunda-feira, 11 de setembro de 2017



Talvez percorra caminhos 
que não sei,
quando as aves ensimesmadas
dormem,


e ocultam as asas
sob o peso da noite

e voam,
ainda assim,

possuídas pelo silêncio

com que evocas

o meu nome.

Susana Duarte

sábado, 9 de setembro de 2017

os lugares                        dos fantasmas
são os corpos                      desabitados

e as noites amarelecidas           sem ar,
exaustas como as veias    

e perdidas                     como as manhãs
dos corpos-outrora-amantes,         agora
lugares onde                          as sombras

convocam espectros,               quimeras
aladas        e nomes ditos     em silêncio


Susana Duarte


sexta-feira, 8 de setembro de 2017



o lugar onde morre o poema:
o da tua partida lenta,
inominável

(o poema violento, a crucificação
do amor vivido).


o lugar da morte em vida
(ausência das pequenas-mortes
vívidas do aurorescer)
é aquele onde inflorescem
os dedos, e a salvação
reside nas noites que, todavia,
tardam em renomear o silêncio

Susana Duarte



domingo, 3 de setembro de 2017

I am hopelessly in love
with a memory. 
An echo from another time, another place. 

-Michel Foucault



 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...