escrevo-te onde as mãos não chegam,
onde os cabelos não dormem,
e as coisas do mundo
permanecem
ignotas.
aí, onde moram os fragmentos da paixão,
deixei, inertes, os olhos, escuros-
-adormecidos-povoados
de luz azul
e sonhos.
mortas as luzes sobre o peito,
aconcheguei nele o sol
dos poemas
de antes.
escrevo-te, ainda, onde a morte das palavras
é o recanto esquecido da dor,
e os olhos amortecem
a força das ondas
e o mar
todo.
escrevo-te, apenas, porque preciso de varrer
as folhas caídas no chão, aquelas
que deixaste, amarelas,
sobre as pedras
e o ventre.
escrevo-te, por fim,
para amainar
o vento.
Susana Duarte
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