sexta-feira, 29 de maio de 2020



perdeu-se a poesia
nos passos descalços
da tua ida para o oriente


-salvando-se, todavia,
as asas do nome 


que não digo.


apesar das palavras,
a noite foi a feiticeira 
possível das águas do rio


-o mesmo que me resgatou
para, de seguida,
me afundar


onde me olhas.


(iça-me)

Susana Duarte

quarta-feira, 6 de maio de 2020

vou com o vento



vou com o vento.


sobrevoo as águas 
lamacentas
e os sonhos,


destapando as asas
com que me escondo 
das aves


e resgato a noite
oculta nos olhos


vou contigo, 
deixando para trás as fontes
frescas onde as asas

amainaram o voo.


vou com o vento-
a água desfaz as névoas
e as asas são algaço


sobre os ombros
onde surge a aurora


Susana Duarte

 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...