digo-te adeus
antes que a estrada
desuna os braços
e me obscureça
os latidos, os gritos e os vôos.
digo o que sei:
não existe mais do que a voz
com que calo o que pressinto.
a estrada lenta das árvores
onde o sabor do absinto me desnudou,
será a mesma que te abraçará
no regresso ao norte.
as mãos que levaste contigo, aladas
e inseguras, etéreas,
sobrevoadas pelas linhas do sangue,
dir-te-ão da impossibilidade
e da ausência. digo-te adeus,
onde os cruzamentos das palavras
não permitem a voz
ou o balanço suave
das águas inertes sobre os corpos.
Susana Duarte