Tenho nos olhos a veia côncava da vontade
de erguer sóis
onde o nada se agiganta.
Susana Duarte
nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2022
terça-feira, 25 de janeiro de 2022
quinta-feira, 20 de janeiro de 2022
Caminhos
(ouvindo Laura Fygi, “Les feuilles mortes”)
da raiz à pedra, constrói-se um caminho, semelhante ao percurso entre as mãos e o peito,
entre as folhas dos dedos e as grutas da boca, e entre os desejos e o corpo.
os caminhos do desejo são construídos nas mãos, e nos olhos, e no cruzamento das peles.
entre mim e ti, a presença etérea da volatilidade das palavras. escreveste-as onde não sei,
e acedes a elas através de memórias que não partilho. o caminho é o do inevitável adeus
às lágrimas sussurradas nas noites vãs. o caminho é o das névoas azuis dos sorrisos roubados,
entre as raízes dos jardins das mãos, e as noites sublinhadas pela viagem.
somos mónadas, e o caminho da evolução das folhas.
Susana Duarte
do livro Pangeia, não publicado
Caminho rente ao chão
caminho rente ao chão
e não movo o tempo
ou as aves paradas cujos ossos
determinam o movimento
do mundo.
caminho. destino-me ao tempo,
ao mundo e à incerteza
dos passos.
Susana Duarte
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Coimbra, cidade mágica... Coimbra é noite, é luar e desassossego.. Coimbra é rua, multidão, palavras soltas. É mulher, sabedoria e tradição....