Caminhos
(ouvindo Laura Fygi, “Les feuilles mortes”)
da raiz à pedra, constrói-se um caminho, semelhante ao percurso entre as mãos e o peito,
entre as folhas dos dedos e as grutas da boca, e entre os desejos e o corpo.
os caminhos do desejo são construídos nas mãos, e nos olhos, e no cruzamento das peles.
entre mim e ti, a presença etérea da volatilidade das palavras. escreveste-as onde não sei,
e acedes a elas através de memórias que não partilho. o caminho é o do inevitável adeus
às lágrimas sussurradas nas noites vãs. o caminho é o das névoas azuis dos sorrisos roubados,
entre as raízes dos jardins das mãos, e as noites sublinhadas pela viagem.
somos mónadas, e o caminho da evolução das folhas.
Susana Duarte
do livro Pangeia, não publicado
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