terça-feira, 22 de outubro de 2024

 abro ao porta ao silêncio

como se as palavras suspensas

fossem âncora, navegação à vista

ou salvação


sabes que não há paredes 

onde impera a solidão dos pássaros


nem cães a ladrar nas ruas


olho a chuva que cai e desnudo 

o silencioso piar de pensamentos ocultos


só a chuva, e o silêncio,


e tu


sabem das estradas que percorri, e da vontade

submersa de voar


Susana Duarte


terça-feira, 1 de outubro de 2024

 chama pelo meu nome, como chamaste 

as aves sem céu, as aves perdidas 

sobre o vôo lento das ondas,

em cada uma das manhãs 

    reclamadas pelo sangue

        dos dias.


chama pelo nome        de todas as auroras

percebidas e, sobre cada uma 

das manhãs antecipadas pela lágrima 

    solar do tédio, constrói os dias 

      

              da redenção. 


oprime as lágrimas, 

apaga as chamas, deseja 

    o nome, e corre por entre as ruas

             da antiga segregação dos corpos. 


sabes onde estou, porque caminhas

    por entre as peles desafiadas

pela conjunção das imagens solitárias

        que nos povoaram             os dedos.  


não mais sós, os dedos multiplicam

      manhãs novas e gritos solares na pele.


Susana Duarte

 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...