domingo, 27 de abril de 2025

 deixaste as flores que, agora, 

crescem sem ti

      (ou morrem, sem ti):


assim o meu coração, 

feito de pétalas soltas, 


        murchas 


imperfeitas como os dias do luto


dias de chuva incessante

em que o vento em nada move 

as folhas secas 

     do meu sangue.


eis a dor 

e a ira 

e a raiva 


e a fé, o absurdo da morte

e a crença na alma,

a lágrima que não posso entregar ao teu colo


e o braço que me falta


nos dias comuns

e nas noites vazias do teu quarto.


não sei onde estás 

não sei onde estás 


queria ter-te aqui e aqui me faltas,

onde o coração bate


com dor

e ira

e a raiva


e a fé 

pelo absurdo da morte,

pelo absurdo da vida que me falta,


a tua, 


mãe, minha mãe,

meu grito silencioso no peito

deixado seco pelo sangue que não te corre

nas veias.


Maria Elisa Ribeiro, minha mãe 🤍✨


sábado, 5 de abril de 2025

 passei a ser uma ave solitária

          desde que os teus olhos...


..desde que os teus olhos...


sou uma ave perdida no vôo 

      onde a primavera tarda e as horas


                  são horas de não te ouvir


és as flores que amas e o sorriso 

     eternizado nas imagens. és. 


és, em mim, todas as palavras

        que nos ensinaste,

que nos deste, que calaste 


e todas as que calei e não deveria ter calado,

todas as que disse, e não deveria ter dito,

              e mesmo as palavras por que anseio


ainda que os teus olhos...


Maria Elisa Ribeiro, minha querida mãezinha, ainda que os teus olhos.





 e agora, dormes. velo o teu sono (habito-o?)  onde a morte te apartou de mim e o vento tudo derruba dentro do meu peito triste. só as aves ...