deixaste as flores que, agora,
crescem sem ti
(ou morrem, sem ti):
assim o meu coração,
feito de pétalas soltas,
murchas
imperfeitas como os dias do luto
dias de chuva incessante
em que o vento em nada move
as folhas secas
do meu sangue.
eis a dor
e a ira
e a raiva
e a fé, o absurdo da morte
e a crença na alma,
a lágrima que não posso entregar ao teu colo
e o braço que me falta
nos dias comuns
e nas noites vazias do teu quarto.
não sei onde estás
não sei onde estás
queria ter-te aqui e aqui me faltas,
onde o coração bate
com dor
e ira
e a raiva
e a fé
pelo absurdo da morte,
pelo absurdo da vida que me falta,
a tua,
mãe, minha mãe,
meu grito silencioso no peito
deixado seco pelo sangue que não te corre
nas veias.
Maria Elisa Ribeiro, minha mãe 🤍✨
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