domingo, 27 de abril de 2025

 deixaste as flores que, agora, 

crescem sem ti

      (ou morrem, sem ti):


assim o meu coração, 

feito de pétalas soltas, 


        murchas 


imperfeitas como os dias do luto


dias de chuva incessante

em que o vento em nada move 

as folhas secas 

     do meu sangue.


eis a dor 

e a ira 

e a raiva 


e a fé, o absurdo da morte

e a crença na alma,

a lágrima que não posso entregar ao teu colo


e o braço que me falta


nos dias comuns

e nas noites vazias do teu quarto.


não sei onde estás 

não sei onde estás 


queria ter-te aqui e aqui me faltas,

onde o coração bate


com dor

e ira

e a raiva


e a fé 

pelo absurdo da morte,

pelo absurdo da vida que me falta,


a tua, 


mãe, minha mãe,

meu grito silencioso no peito

deixado seco pelo sangue que não te corre

nas veias.


Maria Elisa Ribeiro, minha mãe 🤍✨


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