terça-feira, 12 de maio de 2009

Sou!



Toco, por vezes, o Céu.

Toco-o, beijo-o, sinto-lhe o perfume.

Elevo-me.
Saio de mim.

Sou nuvem, sou estrela,
sou fino algodão.
Sou pena que voa,
soprada da mão.

Sou Flor de Jasmim.

Beijas-me o rosto.

Olhas para mim...
toco as estrelas,
vejo-lhes o brilho.


Sou mão que se eleva,
raio de sol radioso.
És Adão e eu sou Eva,
sou flor e raio de de luz,
sou o céu sereno e a tempestade,
quando te agitas em mim.

Alcanço o fundo do mar.

Sou onda, sou frágua,
sou chuva, sou mágoa,
sou aquela que te arrasta
numa onda sem fim...


Sou Mulher.espuma,
sou mulher-água,
semente no mar.

Alimentas-me com algas...

Quero ser sereia!
Quero nadar!

Teu corpo aqui...

Toco a Lua em silêncio.

Escrevo o teu rosto no meu.

Sou Luz e sou Sombra,
sou Ícaro e Prometeu.

Sou mulher, sou o vento...
...sou o vento que sopra,
que sopra distâncias...


Quero o Céu por um segundo,
por um instante, as estrelas.
Por um momento, quero o mundo.
E quero também o mar.
Quero agarrar a Lua.

Meu céu e meu sol.
Meu sol e meu vento...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Vida

Enviado para Palavras de Osho, e concordando em pleno com o seu mais recente post, sinto que...

Há mais encanto na Vida que é vivida em pleno, saboreando cada emoção com o sabor de uma delícia rara.

Há mais encanto na vida quando, desempoeirados de todas as sombras que escurecem o brilho do sol, apreciamos o lado solar de quem nos ilumina.

Há mais encanto, sim, quando a Vida é parte integrante da nossa vida, quando deixamos brilhar o melhor de nós e os sonhos, que são apenas e só sonhos...passam a realidades belas quando partilhadas com quem está ali, ao alcance de um dedo, e nos enobrece a Alma.

Por vezes, a Felicidade está tão perto, tão perto...que quase nem reparamos nela...e quando reparamos, há todo um mundo novo que se abre perante nós.

domingo, 3 de maio de 2009

Fim


Foi um pequeno raio de aurora.

Na solidão que antecede os dias
e no desespero que segue as noites
tentaste encontrar o véu de luz que te alumiasse.

Entre telas pintadas do branco-negro
de uma espera, de um navio sem farol,
nas tintas secas de um pintor desconhecido,
tentaste ocultar com dedos finos
a metódica razão pela qual te aproximaste.

Foi um breve "clair de lune".

Na vida que escorre dos dedos
e nas horas sapientes da introspecção
com que diariamente percorrres
as calçadas de pedra ora quentes
e vibrantes do sol,ora frias
como a noite escura que se derrama...

...sobre ti.



Cai o pano desta peça, num teatro
sem público numa noite sem alma
em que foste apenas um suspiro,
um lamento, um minuto suspenso
de ti próprio.


Volta a ti.
Sê o que és.


A tua aurora está por chegar.
O teu luar de agosto está no porvir,
numa mensagem trazida pelas marés,
numa qualquer garrafa
numa qualquer praia


num outro porto.

sábado, 2 de maio de 2009

"Liliy has a rose": poema de e.e.Cummings (1894 - 1962), um dos meus poetas de sempre, descoberto nos tempos da Faculdade. Nascido em Cambridge, sempre foi encorajado a desenvolver as suas potencialidades criativas, chegando a uma poesia límpida, belíssima, inspiradora.

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lily has a rose
(i have none)
"don't cry dear violet
you may take mine"

"o how how how
could i ever wear it now
when the boy who gave it to
you is the tallest of the boys"

"he'll give me another
if i let him kiss me twice
but my lover has a brother
who is good and kind to all"

"o no no no
let the roses come and go
for kindness and goodness do
not make a fellow tall"

lily has a rose
no rose i've
and losing's less than winning(but
love is more than love)


Não deixes o sol cair para mim...
Eleva-me.

Não deixes a noite escurecer em meus braços...
Ilumina-me.

Não deixes os castelos ruir...
Constrói.

Sob uma lua prateada
de sonhos antigos, debaixo
de uma lua redonda, que
conta segredos...
sê uma rua iluminada
de ladrilhos sofridos, debaixo
dos quais se escondem enredos
de vidas que se cruzam
e aprendem sempre um
novo lugar, onde
o Fado as conduz.

Brilha. Sê uma luz.

Não sejas a noite

de breu

que esconde

o brilho meu

onde o sol

devagar

se expande

na manhã que acontece

após cada luar...

 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...