domingo, 3 de maio de 2009

Fim


Foi um pequeno raio de aurora.

Na solidão que antecede os dias
e no desespero que segue as noites
tentaste encontrar o véu de luz que te alumiasse.

Entre telas pintadas do branco-negro
de uma espera, de um navio sem farol,
nas tintas secas de um pintor desconhecido,
tentaste ocultar com dedos finos
a metódica razão pela qual te aproximaste.

Foi um breve "clair de lune".

Na vida que escorre dos dedos
e nas horas sapientes da introspecção
com que diariamente percorrres
as calçadas de pedra ora quentes
e vibrantes do sol,ora frias
como a noite escura que se derrama...

...sobre ti.



Cai o pano desta peça, num teatro
sem público numa noite sem alma
em que foste apenas um suspiro,
um lamento, um minuto suspenso
de ti próprio.


Volta a ti.
Sê o que és.


A tua aurora está por chegar.
O teu luar de agosto está no porvir,
numa mensagem trazida pelas marés,
numa qualquer garrafa
numa qualquer praia


num outro porto.

1 comentário:

  1. Susana:adorei este poema ,lindíssimo, encapotado numa Prosa Poética, de grande valor!Percebi a mensagem...Minha querida, que cada um "apanhe o seu luar", mesmo sem luz... Há gente demasiado complicada e o melhor é não enlouquecer a par dela...
    Um beijo da lusibero

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