A minha aldeia ficou ali,
pendurada numa ilha,
numa flor de laranjeira
...e no barulho do caminho.
A minha aldeia ficou ali,
suspensa do tempo e da vontade
numa azáfama perfumada
...e no som dos animais.
A minha aldeia ficou ali,
algures, num espaço que não sei
e na memória que alcanço.
Subo as escadas da capela
...e as mulheres, de negro...
estão ali, paradas, suspensas
onde o tempo as deixou,
na minha aldeia, que ficou ali,
nos seus lenços negros
que lhes cobrem as cabeças.
Num tempo findo
de juventude que (ainda) não acabou.
A minha aldeia ficou ali,
e as flores, no caminho,
revelam a procissão
onde todos comungam da fé,
do calor, da alma e do pão.
A minha aldeia ficou ali,
no som dos meus passos de criança
(que corre as ruas num sopro de vento,
onde as aves fazem ninho)...
e o tempo...não tinha fim.
A minha aldeia ficou ali,
onde velhas fotos amarelecidas
retêm o tempo numa visão diáfana
de um amanhecer desigual
(cada pedra da casa encerra
um recanto de mim, onde a aldeia ficou
num tempo suspenso
aquietado pelas memórias,
onde as mulheres de lenço negro
vão na procissão
e, lentamente, me transportam para onde estou).
Susana Duarte
nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
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Memórias de infância... que nos trouxe onde estamos hoje... plena de elementos que nos construíram... constroem.
ResponderEliminarBeeem... Susana... Nao é que te retire qualquer valor poético, mas este poema belíssimo está deslumbrante. Li-o avidamente e quando cheguei ao fim e vi o teu nome... Belíssimo, amiga, uma infância de estar/ser, uma imagem de outrora que transporta ao presente, uma recordação poetica, quase nostálgica, outrotanto presente e a dar sentido. Bravo!
ResponderEliminarBeijinho sempree amigo
São estas memórias...os alicerces do nosso Presente de...hoje! Os alicerces da casa construída ainda na aurora do dia...com esforço...dormem nela a quietude dos sonhos... e quando a noite desce...as memórias arrumam-se e passam diante de nós como um filme...
ResponderEliminarBeijo
Graça
Brilhante como sempre, Susana!
ResponderEliminarAtravés do seu poema, percebe-se que teve uma infância muito feliz.
Beijos, querida!
olá
ResponderEliminarGostei muito do poema, parabens!
Abraço
Amiga lindíssima poesia.
ResponderEliminarQuerida amiga excelente como sempre.
"A poesia é a arte de materializar sombras e de dar existência ao nada." (Edmund Burke)
Aproveito para desejar um excelente fim-de-semana.
Bjs do tamanho do infinito
Maria
Bonito! Muiot bonitas estas tuas memórias Susana. E esta música dá uma tonalidade ainda um tanto mais nostálgica, mas poética...a esta tua página. Gostei.Beijinhos
ResponderEliminarAlexandre
Olá, esta mensagem pouco tem a ver com o teu poema... mas sim outra coisa, reconheço(já à muito tempo reconheci) a foto que tens no banner e dei por mim algumas vezes a pensar será que já nos cruzamos?... Esta cidade não é assim tão grande, será que já falamos? Engraçado, estaciono o carro muitas vezes perto deste belo espaço e dou por mim a lembrar-me de alguém que não conheço mas que possivelmente já cruzei.
ResponderEliminarBeijo
p.s.- desculpa o à parte
Andreia
Quando chego por mero acaso e me deparo com versos simples e diferentes, normalmente volto,foi o caso.
ResponderEliminarvale sempre a pena reviver o passado, nem que seja para não esquercer as nossas raizes.
no entanto é no foturo que temos que pensar,sem deixar de contemplar o presente.