domingo, 18 de novembro de 2012


vou ser borboleta negra, de douradas asas

inexistentes, subitamente dispersas
sobre cumes onde crocitam negras gotas
de chuva, de sal, de fogo, de fugas, de fátuos
e vagos movimentos, lentos, estranhos, solitários.

vou ser a sombra que transpareço,

nas ervas verdes de um chão sem nuvens,
aladas, translúcidas, ensimesmadas e brancas
como rododendros desconhecidos, e o branco pano

da seda que, nos olhos, me antecede os dias
e tolhe da sabedoria das coisas simples, raras pérolas
negras, como os corvos que me habitam, e me tiram

luzes do peito, e me escrevem sombras nos olhos,

e me falam de casas com flores, onde o som das águas
é oco, surdo, como os passos que dás. e não vejo.

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sobrevoo as linhas naufragadas


susana duarte
 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

CORPO





transformar-me-ia em ave,
se as asas dos teus dedos me ouvissem

e condensassem, em nós,
as gotas acontecidas

nas costas,
onde te deixei estradas

quando, em mim,
e nos dedos,
e no rosto,
e no ventre,

deixaste rotas marinheiras,

flor de sal do teu corpo,

sabedoria nua das marés,
ave de todos os dias

negro irresoluto de todas as noites

susana duarte
 
http://youtu.be/MqoANESQ4cQ

 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...