vou ser borboleta negra, de douradas asas
inexistentes, subitamente dispersas
sobre cumes onde crocitam negras gotas
de chuva, de sal, de fogo, de fugas, de fátuos
e vagos movimentos, lentos, estranhos, solitários.
vou ser a sombra que transpareço,
susana duarte
inexistentes, subitamente dispersas
sobre cumes onde crocitam negras gotas
de chuva, de sal, de fogo, de fugas, de fátuos
e vagos movimentos, lentos, estranhos, solitários.
vou ser a sombra que transpareço,
nas ervas verdes de um chão sem nuvens,
aladas, translúcidas, ensimesmadas e brancas
como rododendros desconhecidos, e o branco pano
da seda que, nos olhos, me antecede os dias
e tolhe da sabedoria das coisas simples, raras pérolas
negras, como os corvos que me habitam, e me tiram
luzes do peito, e me escrevem sombras nos olhos,
e me falam de casas com flores, onde o som das águas
é oco, surdo, como os passos que dás. e não vejo.
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sobrevoo as linhas naufragadas
aladas, translúcidas, ensimesmadas e brancas
como rododendros desconhecidos, e o branco pano
da seda que, nos olhos, me antecede os dias
e tolhe da sabedoria das coisas simples, raras pérolas
negras, como os corvos que me habitam, e me tiram
luzes do peito, e me escrevem sombras nos olhos,
e me falam de casas com flores, onde o som das águas
é oco, surdo, como os passos que dás. e não vejo.
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sobrevoo as linhas naufragadas
susana duarte