nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
sábado, 27 de junho de 2015
Na doçura da tarde ardem os dedos - Joaquim Monteiro
Uma tarde chega
Onde os dedos partem
Tudo arde
Na doçura da voz
Ardem os lábios
Sobre a luz do sol
Cantam as aves
A loucura do voo
Quando a pique caem
Sobre o brilho dos olhos
O longe se faz perto
Na cor inflamada
Onde o murmúrio
É a rosa no jardim secreto
O ardor da buganvília
Sobre a cal da pele
Tudo arde
Na fogueira dos sentidos
Só a cinza da ternura
Permanece quente
Onde o ventre chora
Na alegria extremada
De subtis dedos.
Joaquim MONTEIRO
2012-06-21
sexta-feira, 26 de junho de 2015
a métrica imperfeita dos dias
a métrica imperfeita dos dias
é
o sinónimo das inesperadas sombras
e demais veredas
por onde os passos
outrora seguros caminham,
benevolentes como as lágrimas,
imperfeitos como os braços
que, curvos, seguram cirros
dispersos
vagabundeando nas entrelinhas
da vida.
susana duarte
o sinónimo das inesperadas sombras
e demais veredas
por onde os passos
outrora seguros caminham,
benevolentes como as lágrimas,
imperfeitos como os braços
que, curvos, seguram cirros
dispersos
vagabundeando nas entrelinhas
da vida.
susana duarte
terça-feira, 23 de junho de 2015
talvez os braços sobre o ventre,
ou a serena mansidão da espera intermitente.
escolho os braços,
e deixo de parte a antiguidade dos sonhos.
escolho os braços.
talvez os olhos claros sobre os dedos,
ou a interioridade do ventre
sobre os interstícios dos corpos.
escolho os braços
e a noite clara.
talvez sejas o sonho dissipado na névoa
das manhãs de outrora.
ou a memória viva
da pele
sobre a pele.
escolho os braços,
e deixo de parte a espera.
espreito o dia, como um espreita-marés
que, sobre os flancos, olha as margens
e navega sereno sobre os braços.
antes os braços com que me passeias
sobre o ventre, que os interstícios infindos
de corpos sem flanco.
Susana Duarte
segunda-feira, 15 de junho de 2015
sábado, 13 de junho de 2015
sexta-feira, 12 de junho de 2015
terça-feira, 9 de junho de 2015
De Alexandre O'Neill
Pretextos para fugir do real
A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços
Experimento um grito
Contra o teu silêncio
Experimento um silêncio
Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos
Assobio às pequenas esperanças
Que vêm lamber-me os dedos
Perco-me no teu retrato
Horas seguidas
E ao trote do ciúme deito contas
Deito contas à vida.
in “Tomai lá do O'Neill”
A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços
Experimento um grito
Contra o teu silêncio
Experimento um silêncio
Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos
Assobio às pequenas esperanças
Que vêm lamber-me os dedos
Perco-me no teu retrato
Horas seguidas
E ao trote do ciúme deito contas
Deito contas à vida.
in “Tomai lá do O'Neill”
Foto: Susana Duarte |
Do Poeta Antonio Ciminiera.
"Solitude della presenza"
.
la terra magra dalla quale mi ridesti
è un campo di cose andate
e tutto quello che puoi darmi è un fiato provvisorio
non ho santi nel tuo cuore e quel che scrivo passa
distrattamente passa anche il dolore
come un lutto senza salma
passa anche il dolore…
.
© Antonio Ciminiera
per la raccolta: Canti occitani prima della neve
.
la terra magra dalla quale mi ridesti
è un campo di cose andate
e tutto quello che puoi darmi è un fiato provvisorio
non ho santi nel tuo cuore e quel che scrivo passa
distrattamente passa anche il dolore
come un lutto senza salma
passa anche il dolore…
.
© Antonio Ciminiera
per la raccolta: Canti occitani prima della neve
segunda-feira, 8 de junho de 2015
sábado, 6 de junho de 2015
terça-feira, 2 de junho de 2015
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