(...)
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
____________[Mário Cesariny]
nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
sexta-feira, 29 de abril de 2016
quinta-feira, 28 de abril de 2016
escreverei à meia noite do poema,
onde se desfazem as pedras das calçadas
e os teus passos.
escolheste seguir as pedras de ontem,
e os caminhos levantaram pó.
dos teus passos.
escreverei à meia noite do poema,
onde o vento desfez a noite, ela própria
uma ave assustada ante a imensidão
do desejo.
morrem os corpos na espera,
enquanto a meia noite do poema se declina
na cor das cerejas.
é na confluência dos dedos
que se desocultam as noites dos corpos,
entidades desejantes, meia noite das vidas
nuas, encontro sobre o leito,
ventos-sul do peito,
quando a meia noite do poema
se escreve nas peles.
Susana Duarte´
Foto: Julia Margaret Cameron
terça-feira, 26 de abril de 2016
A maravilhosa Natureza em Portugal
http://www.designboom.com/art/nelson-garrido-paiva-walkways-portugal-photography-04-24-2016/
http://www.dezeen.com/2016/04/26/paiva-walkways-trimetrica-arouca-portugal-photography-nelson-garrido/
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domingo, 24 de abril de 2016
sexta-feira, 22 de abril de 2016
quinta-feira, 21 de abril de 2016
não mais cantarei o adeus que impuseste,
antes os abraços de todos os encontros.
evitarei as ruas por onde, antes, caminhei
lado a lado com o sonho mitigado pela breve
presença das tuas mãos. não mais cantarei
o adeus que impuseste, ou as noites breves,
corrompidas pelo amanhecer das partidas.
cantarei, antes, as rosas semeadas nos dedos
e as auroras desfolhadas por onde mãos
ténues de luz se passeiam agora. não mais
iluminarei velas antigas, de framboesa e ténue
luz, antes a solar claridade do beijo rubro
que o passado me devolveu. cantarei braços
fortes e abraços eternos, carícias longas
e longos invernos semeados nos abraços
que, agora, nos damos. cantarei o passado
reencontrado. e as manhãs de agora.
Susana Duarte
domingo, 17 de abril de 2016
segunda-feira, 11 de abril de 2016
por todas as madrugadas
retive, entre os dedos, as conchas devassadas
pela natureza impetuosa da língua, e as flores,
e os grãos de areia laminados pelas tuas mãos.
guardei tudo onde a água não me alcança,
e os abraços ficam por dar. é nesse lugar triste,
de faltas e de dores, que guardei as conchas,
e as flores, e os grãos de areia, e as tuas,
e as minhas mãos. as que perdeste, no lugar
misterioso onde caem os abraços e se perdem
beijos. as circunstâncias dos beijos, são as mesmas
das abelhas: correriam livres onde as flores
não polinizadas esperassem por novas auroras.
nessas auroras, faltam, todavia, as palavras.
habituar-me-ei a todas as ausências, mas nunca
às ausências das palavras, as que se desgastam
sob os dedos marinheiros que escondes na areia.
se souberes onde as perdeste, ou onde o medo
perdura por entre as conchas fundas do ser, diz
o meu nome, e abraça-o, e traz a mim a língua,
a que devora os grãos de areia que sou, e as mãos
entrelaçadas, devassadas também elas pela urgência
do abraço. nesse momento, deixa que a língua
me trespasse, e faça renascer sob o corpo-mar
das arribas. diz o meu nome. e tira-me de onde
as palavras insistem em não ser ditas, e o amor,
esse vagabundo, teima em perder os dedos estranhos
das navegações dos olhos. e fica. ousa as palavras.
ousa as palavras. e deixa que as vertentes solares
trespassem as noites todas, e incendeiem as litanias
das ondas, e tudo mude de lugar: eu, tu, e as conchas,
e os grãos de areia, e as flores polinizadas, e os mares,
e os abraços teimosamente navegados pelas ausências
das palavras que insisto em te pedir, ou em roubar
às mãos que escondes na areia, e me deste por um breve,
redondo, insistente e profundo momento de esquecimento:
todo o esquecimento é feito de palavras, tal como aquelas
que te peço, ainda, tresmalhadas das ondas, e das nuvens,
e dos solares dias anteriores ao mosto, onde és tudo
o que quero reter nos olhos, e nos recantos onde as mãos,
esquecidas de todas as convenções, e de todas as expiações,
pousaram resolutas, anímicas, totémicas, talvez nuas
de tudo o que dissemos antes e, por isso, vivas.
Susana Duarte
sexta-feira, 8 de abril de 2016
"ogni poeta s'é angosciato, meravigliato e ha goduto. L'ammirazione per un gran passo di poesia non va mai alla sua stupefacente abilitá, ma alla novitá della scoperta che contiene (...) proviamo un palpito di gioia a trovare un aggettivo accoppiato con riuscita a un sostantivo, che mai si videro insieme, non é stupore (...) all'abilitá tecnica(....) ma meraviglia alla nuova realtá portata in luce" - Pavese
terça-feira, 5 de abril de 2016
segunda-feira, 4 de abril de 2016
sexta-feira, 1 de abril de 2016
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Coimbra, cidade mágica... Coimbra é noite, é luar e desassossego.. Coimbra é rua, multidão, palavras soltas. É mulher, sabedoria e tradição....