os afluentes da noite são ecos
soltos sobre mim. de ti, nada mais resta,
senão a imagem que guardei no corpo.
os rios que me navegavam eram, apenas,
ecos das águas, e o meu corpo
guardou-te, para te perder depois.
sobram ecos esquálidos das vozes
com que me preenchias. não ficaste e,
todavia, esperei por ti. lívida, cadáver vivo
que se desfaz em cada uma das tuas palavras,
eco adiado dos meus anseios. os afluentes
da noite são rios sem voz. perdeste os meus gritos. perdeste a foz.
nada te resta, senão olhar-me de longe.
sabes que habito outro plano, o do dia
e da luz com que prossigo, todavia,
sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes,
noutros seixos. mas serás sempre a sombra,
a vida incompleta que se declina
nos lugares que já não procuro.
Susana Duarte
nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
terça-feira, 7 de março de 2017
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