há um poema por escrever
sobre as pernas da noite; é
o poema navegado pelas mãos
desconhecidas da madrugada,
ímpares nos pormenores estriados
por onde se espraiam os olhos.
o poema por escrever permanece
nos recantos esquecidos da pele,
e recai, como a água dos olhos,
onde as pernas da noite amanhecem,
como os gatos nas balaustradas,
e as mulheres ensonadas
que escrevem destinos.
sobre as pernas da noite.
sobre as pernas da noite.
Susana Duarte