segunda-feira, 25 de junho de 2018



eis a noite ensimesmada
das bruxas 
e as quimeras vivas:

talvez haja um poema,
ou a sede por escrever.

talvez tu sejas a sombra 
navegante das asas perdidas,
ou o esquálido 
e angustiado nó
deixado vivo nas noites outrora 
agitadas pela ode marítima 
com que me beijavas 
a madrugada.

eis as noites das quimeras,
gárgulas perdidas
onde os nós se desatam,
sedentos, talvez, de deixar
nas pedras as sombras
originais. eis os nós, e as pedras.

eis o ser que se transforma,
e a mulher-rocha das marés.

Susana Duarte

sábado, 9 de junho de 2018

passam os dias nas onomatopeias 
da raiva,
do cansaço,
da exaustão;
por entre os fios ténues

do pensamento à beira do vómito.

povoam os sonhos aves negras 
da raiva das máquinas 
em que nos tornaram, 

céleres, resolutas,
deus ex-machina
omnipotentes, omnipresentes,
desligados da vida

e, sempre, à beira do precipício
profundo das alas da mente
onde a luz não penetra 
e, sombrias,
se insinuam as dúvidas

que as fiandeiras tecem.

Susana Duarte

 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...