sábado, 9 de junho de 2018

passam os dias nas onomatopeias 
da raiva,
do cansaço,
da exaustão;
por entre os fios ténues

do pensamento à beira do vómito.

povoam os sonhos aves negras 
da raiva das máquinas 
em que nos tornaram, 

céleres, resolutas,
deus ex-machina
omnipotentes, omnipresentes,
desligados da vida

e, sempre, à beira do precipício
profundo das alas da mente
onde a luz não penetra 
e, sombrias,
se insinuam as dúvidas

que as fiandeiras tecem.

Susana Duarte

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