quinta-feira, 18 de julho de 2019

domingo, 14 de julho de 2019

agora que o silêncio permite ver
o tamanho das mágoas, 
segue-se uma nova 
madrugada.

foste a aurora prometida, onde 
hoje reside apenas a memória.
foste a abertura dos olhos,
onde as aves dispersas
pediam voos novos;

foste, na manhã, a promessa 
antiga. ao silêncio de hoje,
entrego as promessas 
e os passos perdidos.

agora que o silêncio permite ver
o tamanho dos corpos,
sigo o caminho 
desenhado pela deserção 
dos braços. permaneces onde 
as sombras caminham. 

desapareces dos dias 
como, nas noites, transformaste
a tua presença na névoa
ambígua das bocas 
sem voz. o silêncio
de hoje desenha a amplitude
de um céu novo-

quimera desenhada 
num corpo por cumprir.

Susana Duarte


sábado, 13 de julho de 2019



escrevo a sede sobre a pele,
onde desenhaste água e frutos.

não sei onde estás,
fendida a rocha de onde nasciam
as águas, e as manhãs
do corpo


(onde?)

escrevo a sede nos meus lábios,
e procuro a barca da aurora
que me prometeste.

a madrugada cessou 
onde a água caiu sobre os ombros 
(nus) de uma noite qualquer.

tu não voltaste,
deixando acesa a sede 
e o fogo, a água e a noite,
a madrugada
e os ombros.

escrevo a sede sobre a pele
rarefeita, onde a água
se desvia e a noite 
atravessa o ar

decomposto
das almas insaciáveis.

Susana Duarte

 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...