domingo, 14 de julho de 2019

agora que o silêncio permite ver
o tamanho das mágoas, 
segue-se uma nova 
madrugada.

foste a aurora prometida, onde 
hoje reside apenas a memória.
foste a abertura dos olhos,
onde as aves dispersas
pediam voos novos;

foste, na manhã, a promessa 
antiga. ao silêncio de hoje,
entrego as promessas 
e os passos perdidos.

agora que o silêncio permite ver
o tamanho dos corpos,
sigo o caminho 
desenhado pela deserção 
dos braços. permaneces onde 
as sombras caminham. 

desapareces dos dias 
como, nas noites, transformaste
a tua presença na névoa
ambígua das bocas 
sem voz. o silêncio
de hoje desenha a amplitude
de um céu novo-

quimera desenhada 
num corpo por cumprir.

Susana Duarte


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