agora que o silêncio permite ver
o tamanho das mágoas,
segue-se uma nova
madrugada.
foste a aurora prometida, onde
hoje reside apenas a memória.
foste a abertura dos olhos,
onde as aves dispersas
pediam voos novos;
foste, na manhã, a promessa
antiga. ao silêncio de hoje,
entrego as promessas
e os passos perdidos.
agora que o silêncio permite ver
o tamanho dos corpos,
sigo o caminho
desenhado pela deserção
dos braços. permaneces onde
as sombras caminham.
desapareces dos dias
como, nas noites, transformaste
a tua presença na névoa
ambígua das bocas
sem voz. o silêncio
de hoje desenha a amplitude
de um céu novo-
quimera desenhada
num corpo por cumprir.
Susana Duarte
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