sábado, 13 de julho de 2019



escrevo a sede sobre a pele,
onde desenhaste água e frutos.

não sei onde estás,
fendida a rocha de onde nasciam
as águas, e as manhãs
do corpo


(onde?)

escrevo a sede nos meus lábios,
e procuro a barca da aurora
que me prometeste.

a madrugada cessou 
onde a água caiu sobre os ombros 
(nus) de uma noite qualquer.

tu não voltaste,
deixando acesa a sede 
e o fogo, a água e a noite,
a madrugada
e os ombros.

escrevo a sede sobre a pele
rarefeita, onde a água
se desvia e a noite 
atravessa o ar

decomposto
das almas insaciáveis.

Susana Duarte

Sem comentários:

Enviar um comentário

 Identidade são etéreas, as memórias. talvez apenas ilusões, talvez apenas estórias de abraços desabituados dos corpos. são névoas, as cançõ...