escrevo a sede sobre a pele,
onde desenhaste água e frutos.
não sei onde estás,
fendida a rocha de onde nasciam
as águas, e as manhãs
do corpo
(onde?)
escrevo a sede nos meus lábios,
e procuro a barca da aurora
que me prometeste.
a madrugada cessou
onde a água caiu sobre os ombros
(nus) de uma noite qualquer.
tu não voltaste,
deixando acesa a sede
e o fogo, a água e a noite,
a madrugada
e os ombros.
escrevo a sede sobre a pele
rarefeita, onde a água
se desvia e a noite
atravessa o ar
decomposto
das almas insaciáveis.
Susana Duarte
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