domingo, 29 de novembro de 2020

Há um nome


 há um nome 

para todas as coisas.

há um nome para os voos errantes,

e para as aves trepadoras,

e para as mulheres aladas.


há um nome

para as ondas sobressaltadas,

e para as névoas. há um nome

para as coisas cujo nome

não creio saber, e para ti.


tu, cujo nome não pronuncio, 

existes, todavia, onde as marés 

alcançam a solenidade do sol,

derrotando as angústias calcificadas 


nas vertentes incorpóreas

das palavras [e dos nomes

que não ouso dizer].


Susana Duarte

sábado, 7 de novembro de 2020


a asa pesa, no vôo

disperso

da ave esmaecida,



sempre que a fractura

da plúmula é superior

à elevação da mente.



a disforia dos olhos
desmente a flor branca

da expectativa:

 

delirante o poema,
obtusa a pele

[fracturada a alma]



Susana Duarte



os dedos percorrem sílabas
onde o verbo, exilado,
anuncia o tempo


e o tempo, silente,
revê nervuras
e as mãos.


são folhas de romã, os dias,
e palavras perdidas
onde o tempo se esgota.


nunca mais os dias de verão
serão as searas douradas de antigamente.
o restolhar das folhas,
e a palavra


decadente
perdem os sentidos,
onde o verbo descreve as curvas
e a idade amontoa frases
e ilumina memórias.


Susana Duarte

 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...