sábado, 23 de março de 2024

Silêncio

 





o silêncio é tão estranho 

quanto outra coisa qualquer,

e tão desabitado quanto a alma

das mulheres deixadas vivas pelo vento 


tempestuoso


das vontades antigas- as do alento

e da fé, da força e das asas

desabitadas de janelas 


quebradas


pela morte das memórias. 

o silêncio vive nas histórias

que guardo, secretas e risíveis, 

entre as páginas dos livros.


também tu, secreto e risível, 

habitas os dias de ontem,  os que semearam


silêncios

na pele-toda-com que me visto.


Susana Duarte

1o dia de Primavera

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