há uma casa onde a infância foi
a ideia de um dia ser obra imperfeita talvez
obra acabada inconsciente dos futuros
ou dos filhos ou dos gatos sobressaltados
e das dores paridas em noites solitárias
na casa sobrevoada por memórias, vivem
espectros gestos antigos objectos
obsoletos almas grandiosas ou meros
sobreviventes aspirando o ar das ameixas e
dos laranjais e dos sorrisos de avós
tão antigos como as casas e os seus beirais
chuvosos, resplandecentes e gélidos onde
gatas antigas parem gatos futuros e o gelo
da manhã pare as dores do mundo
ou, apenas, as inomináveis: as dos vivos.
Susana Duarte
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