Tenho nos olhos
a veia côncava da vontade
de erguer sóis
ainda que o nada se agigante.
Susana Duarte
nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
roubo à rua
o sol que me pertence:
a clandestinidade indistinta,
a sombra das palavras
negadas,
interditas,
ditas onde os terrenos
aguardavam a chegada
do beijo.
roubo ao sol o calor
do vôo, quando as aves soletram
manhãs de inverno,
separando as letras
de cada rumo
ao sul.
roubo o nome
decalcado na terra,
onde sou norte e sou sul
e decido para onde vou.
Susana Duarte
existias muito antes de me dares à luz, talvez desde o tempo das cerejas ou dos invernos que preferias à canícula de Agosto. exi...