nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
sábado, 5 de setembro de 2009
Sophia
Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida
Nunca mais servirei senhor que possa morrer
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu sentir. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz, e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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Um grande poema, de uma grande poetisa.
ResponderEliminarLembro-me de ler esta senhora desde os livros da escola primaria.
Este poema é particularmente triste, o que não lhe tira a beleza. Boa escolha. Obrigado pela partilha. Fizeste-me "viajar" um pouco :-) Parabéns pela musica de fundo. Divinal.
Beijos e bom descanso
Francisco
nossa forte este texto em, mais bonita a obra, enigmatica a foto gostei!
ResponderEliminarabraços!
Nuncamais servirei senhor que possa morrer-
ResponderEliminarA "grande" Sophia, uma escolha cheia de ternura, diferente, suave e, ao mesmo tempo. cheia de personalidade. Gosto deste poema, tem tantas interpretações, até mesmo políticas, ainda que velada. É a mulher que diz tudo, na sua suavidade.
Um beijo grande e um bom fim de semana nessa "Terra de Encanto". Graça
Olá, Susana!
ResponderEliminarPassei para deixar-te abraços e dizer que amo a intensidade poética de Sophia de Mello Breyner Andressen.
Tenho dois livros dela " O Rapaz de Bronze" e " O Búzio de Cós e Outros Poemas", presentes de um senhor portuguès - Erasmos Chaves, que mora aqui no Brasil, agora e sabe que amo livros de lieratura infantil.
O mercado de literatura no Brasil não é muito lucrativo então conseguir bons livros fora os grandes best-sellers é complicado. Aprendi a garimpar excelentes pérolas em sebos o que é muito divertido.
Belo poema!
Beijinhossssssssss
terra de encanto:lindo poema de SOPHIA DE MELLO BREYNER. É um poema de amor e morte.Chama-se "MEDITAÇÃO do DUQUE de GÂNDIA sobre a Morte DE ISABEL DE PORTUGAL". O duque ,chocado com o retrato da morte é uma METÁFORA de todos nÓS quando a observamos ,na face de um ente querido.
ResponderEliminarO Duque de Gãndia ,casado com D.Leonor de Castro, apaixonou-se pela bela imperatriz de Portugal, D.Isabel, que faleceu um ano depois de sua esposa. Então, chocado com o fausto do mundo, tornou-se monge da COMPANHIA DE JESUS.
Daí, o constante "nunca mais..."Este poema de SOPHIA é , ainda, um preito de homenagem às CANTIGAS DE AMOR medievais, pois , além do tema de morrer de AMOR por sua "Dona", ele acaba com um verso , a que se dá o nome de FINDA.
BEIJO DE LUSIBERO
Francisco,
ResponderEliminarobrigada! O poema é, realmente, significativo. Obrigada pela apreciação da música.
Beijinhos
Fabiano,
ResponderEliminardescobri esta foto num e-mail que recebi, e uso-a muitas vezes!
Olá Graça,
ResponderEliminaré a pessoa face à morte, não é?
Obrigada por vires sempre.
Beijos
Malu,
ResponderEliminarhei-de colocar aqui mais poemas para tu, em especial, os poderes ler. E dizer-te que sei o quanto é divertido encontrar bons livros nos sítios mais improváveis...
Um grande beijo
Lusibero,
ResponderEliminarexcelente este enriquecimento ao poema. Confesso que não sabia...beijinhos
Grande poema desta Sophia que sempre me encantou.
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