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(Coimbra, Ponte Pedonal Pedro e Inês)
Apetece-me escrever-te uma
carta aberta.
Carta aberta de mim. Carta aberta para ti.Carta aberta...
(carta... porquê?; apetecia dizer-te as palavras que o tempo calou...)
Apareceste como um vento sul, impelindo-me para um precipício de palavras, sentimentos e tanto por dizer...
Ficaste além. Além de ti, aquém do sonho. Aquém de nós.
Falas de ausências. Cantas a ausência na voz sussurrada de quem deixou atrás de si o murmúrio de um sorriso antigo. De que falas tu, quando falas de ausência? De que falamos nós, quando cantamos as palavras esquecidas de si, quietas num canto da vila onde deixámos, acesa, a vontade de estar? Onde ficou o riso? Onde mora a paixão? É dessa ausência que falas? É da ausência de mim? Ou da saudade eterna de uma verdade por ser?
Falas da vida e do vento. Ouves a voz da sereia que te canta e se esconde por detrás de uma rocha. Suspensa no tempo, suspensa da vida, numa calma ilusória onde a teia foi tecida. Cada fio é um minuto em que espero por ti. Cada minuto é uma palavra que ficou por dizer. E cada palavra por dizer é um minuto de vida que se perdeu já...
Falo de promessas feitas à vida. Falo de sonhos cujo canto chegou a um céu distante. Falo de Presente e promessas de Futuro. Falo de ti. Falo de mim. Falo do dia em que falhámos um dia à beira-mar. Falo da serenata por cantar. Do amor por dizer. E da sombra do tempo que passa.
Vês?...(acabou de passar uma estrela cadente; pediste um desejo?)