domingo, 8 de novembro de 2009

Nuno Júdice



Escritor, poeta, ensaísta, natural de Mexilhoeira Grande, Nuno Júdice foi Professor do Ensino Secundário, sendo actualmente professor da Universidade Nova de Lisboa. Colaborou no Jornal de Letras, foi conselheiro cultural da Embaixada Portuguesa em França e foi delegado do Instituto Camões.
Tem livros traduzidos em Espanha, Itália, Venezuela, Inglaterra e em França.
O seu primeiro livro de poesia foi publicado em 1972.
Em 2001, publicou "Pedro, Lembrando Inês"; reproduzo, aqui, uma passagem desta obra.




Nuno Júdice
Pedro lembrando Inês

Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu , que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: « Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios?» Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor;
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.

10 comentários:

  1. Pedro lembrando Inês... e nós, recordando o par mais romântico que Portugal teve, nas palavras maravilhosas de Nuno Júdice... Terra de Encanto não podia esquecer estes dois nomes, quando o caudal do Mondego se alastrou...com lágrimas de Pedro e Inês...
    Um beijo e uma boa semana para ti,Susanita!
    Graça

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  2. Olá Susana :)

    Sabias que Pedro era portador de uma enorme gaguez? Que era muito impulsivo ? E que sofria de epilepsia, dando provas de grande excentricidade e desequilíbrio de temperamento ?... Pois eu também não sabia, descobri por acaso num livro sobre "Reis e Raínhas de Portugal".
    Será que Inês o percebia nas suas declarações , com tamanha gaguez ? ah ah ah ah .. De uma coisa estamos certos, foi um amor inigualável, segundo consta na história. Porque será que sinto que o amor anda no ar ?????...LOL LOL
    Como provavelmente não irei puder voltar aqui nestes próximos dias, desejo-(vos) uma excelente semana.
    P.S.- A foto além de bonita, está muito bem enquadrada, parabéns !!
    Beijito(s)

    Norberto

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  3. (suspiro)...

    É um poema que se consome...

    Boa escolha.

    beijinhos amigos

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  4. Olá :)
    Lindo este poema, como não o recordar..., impossível. É lindo em toda a sua plenitude e, pelo grande amor que nos conta e, que é parte da nossa história.
    Utilizei este poema como introdução para um trabalho na faculdade, obrigada por o trazer também aqui.
    Gostei do que li.

    Se quiser espreitar, estou em:
    www.atomovida.blogspot.com
    www.animalucemia.blogspot.com

    Um bom começo de semana com muita luz :)

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  5. Se tivesse de escrever as palavras-chave deste post e do que contém a carta aberta, como se de um artigo se tratasse (que eu agora ando mesmo virada para os artigos científicos), escreveria: solidão, saudade, amor, sonhos…

    Textos lindos, sobre coisas muito nossas… muito de cada um…
    Dificilmente consigo comentá-los, seja em que contexto for, pela imensidão de experiências e emoções que envolvem.
    Comentarei apenas as palavras e não aquilo a que remetem, recorrendo a algumas frases que não são minhas.

    Li a esperança do amor, a saudade para sempre… porque “amar é semear saudade” (autor desconhecido) …
    Senti, também, nas palavras a mágoa da irreversibilidade, a inevitabilidade do tempo que, por muito que se cante, não volta para trás. “O bom do caminho é haver volta. Para ida sem vinda basta o tempo.” (Mia Couto, in Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra)

    A vida é um caminho em que semeamos saudade por amor e amizade… e também em que conquistamos a felicidade passo-a-passo, dia-a-dia, pessoa-a-pessoa…

    Como escreveu Mia Couto, o tempo não tem volta.
    Já a vida permite-nos a multiplicidade de opções dos caminhos: andar depressa ou devagar, correr, parar, reparar nos pormenores, cair nos buracos ou saltar por cima deles, andar de mãos dadas, inventar percursos, ir contra as pedras ou passar por cima delas, escolher trilhos, enganarmo-nos, pedir indicações e tentar de novo…

    Envio estas palavras com amizade, a caminhar de mão dada…
    E obrigada pelas palavras escritas e ditas…

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  6. QUE BOA A SENSAÇÃO DE TER ALGUÉM QUE "ALI" esteja para nos ver chegar...O amor de Pedro e InÊS... de SIMÃO E TERESA... DE cada um de nós com ALGUÉM...O indefinível e imortal AMOR...MAS o QUE É A VIDA SEM AMOR? A arte poética do nosso grande NUNO JÚDICE LEVA-nos numa viagem ao mundo mágico dos mais ternos sentimentos...assim...como se fosse a coisa mais simples do mundo... quando, na realidade ,o amor é a chave certa para abrir todas as "portas"!
    BEIJITOS DE LUSIBERO

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  7. Enfim, o AMOR... ponte para o finito/infinito; escada para o impossível/possível.
    E haveremos de seguir amando sempre, porque sem AMOR não se vive.
    Belíssimo!
    Esplêndido!
    Beijinhos em teu coração

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  8. Obrigado e desejo tudo de bom pra voce tambem, as vezes ficamos sem comentar por falta de tempo... por preguisa... sei la porque, mais nao liga nao, a vida e assim mesmo, muitos deveres e as vezes falta tempo para o "laser" um abraço bem apertado!

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  9. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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