Voltando à poesia de Nuno Júdice...porque é bela, sensível, tocante...
...ou apenas porque sim!
Plano
Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.
nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Identidade são etéreas, as memórias. talvez apenas ilusões, talvez apenas estórias de abraços desabituados dos corpos. são névoas, as cançõ...
-
quando vieres, traz os dedos da aurora, e amanhece nas dobras cegas do pescoço onde, ontem, navegaste os trevos do dia lo...
-
E porque hoje foi um belíssimo Domingo de sol...eis que peguei em mim e na minha tagarela companhia e lá fomos nós até Montemor-o-Velho. Hav...
-
Coimbra, cidade mágica... Coimbra é noite, é luar e desassossego.. Coimbra é rua, multidão, palavras soltas. É mulher, sabedoria e tradição....
Saudades de ti, Susana!
ResponderEliminarEu estou nesta fase - de deixar que o copo se encha até a boca, para só depois levantar o brinde.
Corro o risco do copo nunca se encher, mas todos correm.
Obrigada por partilhar profundas palavras que apesar de um poeta e, não tuas, sairam também, do teu coração.
Enorme abraço em ti
Belíssimo! É de facto bela, sensível, tocante e, tudo o mais que nos despertas os sentidos e sentires.
ResponderEliminarCreio que todos corremos o risco do copo nunca se encher, mas também depende um pouco de nós e do "outro", se nada fizermos para encher o copo, nunca o poderemos levantar, ver "o teu rosto inteiro" e, brindar ao amor.
Obrigada por esta partilha.
Abraço
Gosto desta parte em particular sem me importar em psicanalisar muito do sentimento da vida e por isso ficando apenas com isto:
ResponderEliminar"Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,"
Realismo na constatação de uma verdade, mas Esperança, no apontar de uma solução.
Bonito.
beijinhos amigos
Susanita, belo texto :)
ResponderEliminarMesmo repleto de metáforas, este texto diz-nos tanto, tanto, que é impossível ficar indiferente.
Espero que esteja tudo bem com as duas pataniscas!
DESEJO-VOS UM MARAVILHOSO FIM DE SEMANA.
Beijos
Norberto
Que bom encontrar quem aprecie as mesmas belas palavras, que as sente fundo no peito e revela a mensagem que nelas se esconde...
ResponderEliminarObrigada por estarem sempre aí.
Susana