domingo, 1 de novembro de 2009

Poema de Ary dos Santos

Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutro pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse um abismo
e faz um filho ás palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever um sismo.

Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte faz
devorar um jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.

Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce á rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.

Original é o poeta
que chegar ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse uma mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.

9 comentários:

  1. Muito me agrada, que neste teu espaço, honres nossos Nobres e Geniais Poetas...
    Neste domingo cinzento, sabe-me bem ter a poesia por companhia...

    beijo
    Walter

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  2. Olá, minha querida Susana
    Bela imagem de recepção do seu blog...
    Quanto aos poetas, são eternos e nos dão as poesias para que nunca percamos a humanidade.
    Beijinhos do coração

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  3. Olá Amiga

    Apesar de já o ter feito nos comentários, queria agradecer também aqui as palavras no meu canto, sobretudo de boas noites e afins no outro post, que sabem sempre tao bem em momentos de dúvida na blogosfera.

    Ary dos Santos é uma força da natureza. Isso diz tudo o que eu queira acrescentar.

    beijinhos amigos, muito amigos.

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  4. É favor passar no meu canto. tenho lá umas coisas :)

    beijinhos amigos

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  5. "Original é o poeta
    que sendo de toda a parte
    não é de lugar algum"....

    Dos poemas mais bonitos do Ary dos Santos. A obra do poeta pertence a todos nós e não é de ninguem.
    É uma contradição... mas é verdade!
    Um beijo muito amigo
    Graça

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  6. Walter e Graça,
    os nossos artífices da palavra merecem todas as homenagens que possamos fazer-lhes.


    Um beijo aos dois!

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  7. Daniel, demorei...mas vou já ver o que me reservas.

    Até já!

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  8. Malu, obrigada pelas tuas sempre ternas palavras.

    Beijo amigo, muitos!

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  9. Daniel, nunca desanimes: aqui, como na vida, há pessoas que nos merecem e que merecemos conhecer, e outras que nos fazem duvidar. Mas para encontrar pessoas como tu, a Graça, a Malu...valeu, sem dúvida, a pena!

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