segunda-feira, 14 de maio de 2012

BEIJO

beijar-te-ia os olhos, se de ti se aproximassem as pálpebras e,
no ímpeto da proximidade, pudesse encostar, a ti, o rosto. seria
a impulsividade do abraço, o moto da vida e o caminho-espaço
onde o tempo se estreita e se torna infinito. a infinitude onde te
abraço, é a cor púrpura do peito e a negação da solidão. alma.
nesta cor onde navegas, habita uma ave, livre, a paixão calma,
nomeada, dita, entretecida nos momentos onde risos e lágrimas
...
se enleiam nos gestos e se tornam eternidade em nós. beijar-te-
-ia. suave melopeia de quatro olhos que se navegam. urze viva.

beijar-te-ia o centro navegante das noites e saberia se as aves
cantam em dueto. ouviria as doces notas do teu canto...pudesse
eu encostar, em ti, os olhos que tudo ouvem. esses, residem
no peito, escavado de doces memórias, onde é nosso o sorriso
da lua. beijar-te-ia. e saberias que é nosso o riso. pudesse eu
saber das noites inscritas no tempo onde não há tempo para ser
só. não há tempo para ser só. há tempo, apenas, para sermos
dois. um. eternidade inscrita no espaço das estrelas. claras,
luzentes, belas. sabemos de nós, e sabemos do peito. sabemos
do corpo, finito, estreito, conjugado a dois nas noites de chuva.

beijar-te-ia. apenas isso sei. declino em ti a maré. e tudo o que és,
é aquilo que sei. do mundo, nada mais importa. a vida vive em ti.

Susana Duarte
(poema e foto)
 
 
Para ti, i.f.
 
 
 

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