sábado, 21 de julho de 2012

ESPECTRO

torno-me irreal, no momento
em que a noite,
sobre mim, tece rendas de água
... e encantos estagnados no marasmo
das coisas e na paragem dos rios
e das romarias de lágrimas
no outeiro dos olhos, quebrados
pela visão quimérica da noite


torno-me irreal, quando a noite
sobre mim caminha,
tessitura de voos e de uivos,
gemidos-bramidos-sons surdos
do bater sonoro do ritmo da vida
e da alegria dos dias ousados,
ousados de rir,ousados de serem mudos

ouso

amar


no preciso instante
em que a irrealidade
das teias me quebra o ar
e me nega a vida e me tira os sons
das palavras
do peito


ossos

gelo rarefeito das noites



susana duarte




 

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