segunda-feira, 4 de março de 2013

SAL


saber das lágrimas é saber das grutas
de sal, onde o mar habita, e as mãos se perdem
entre algas, limos, prados marinhos dos olhos
e salinas montanhas de solidão na noite. 

as lágrimas são reinos de sol, e de sal, 
onde aves marinhas ondeiam círculos de liberdade
e elos de paixão. albatrozes sobrevoam os braços,
e asas de mar salgam a vida. estás onde 
as asas se perdem e as escamas vivem.
estás onde o sol aquece as águas e o ventre.
estás onde o albatroz pia e chama o mar em si.
estás onde gotas de água se espalham na noite.
estás onde o mar nos recua as areias da língua,
e onde a língua é sal, e fogo, e água, e mar
da existência. flor de todas as flores de todas 
as águas, és a alga viva do meu corpo. as ondas 
todas, onde me deito. o sal todo, da minha pele.
és, enfim, o voo de cada movimento, de cada
gota de água, de cada onda deste mar revolto
__________________que sou________________.

Susana Duarte



1 comentário:

  1. Que bom, tê-la encontrado aqui, onde cada palavra soa, com a magia da poesia...

    Estou a segui-la, voltarei mais vezes...
    Beijinho!***

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