terça-feira, 14 de maio de 2013

(...)





vou sentar-me sobre as costas dos teus olhos, 
e ver-me através deles, sedentos das névoas 
das minhas madrugadas. vou sentar-me sobre
os teus braços e, através deles, rever encostas
onde os seios te abraçaram, e foram eternas
as inermes mãos sobre o dorso. vou sentar-me
sobre as dobras da tua voz, onde o silêncio
me chama e a língua me conquista. sobre ela,
desfazer as névoas que, junto ao  rio, pairaram,
no instante do atrevimento. a língua de fogo
dos teus dedos, sobre a língua de fogo da água
que sobre ti se deita, exclamando todas as noites
de todas as idades: idades desfiguradas pelo
silêncio que, sob a chuva, se abateu, pronto 
que estava o sorriso dos lábio, pronta a boca
para, sobre ti, pairar e, ali, depositar o dia. 


Susana Duarte 
palavras e imagem



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