terça-feira, 28 de maio de 2013

.de olhos fechados.




percorro-te caminhos situados nas nervuras das veias

e subo montanhas onde os poros se revelam aves soltas




as montanhas são heras trepadeiras que voam rumo 

a lugares que não sei. deusas conspiram para que as asas 




quebrem




e a queda sobre as ervas madrugadoras seja a realidade

imposta às sonoridades dos meus olhos. os olhos 




não te vêem e, 




na queda das águas da manhã, não seguram a tristeza.

amar-te é a queda das folhas sobre gotas orvalhadas 

de uma montanha longínqua. e as sobras das neves.

percorro-te. sonho-te. sinto-te onde não te vejo. estranho




as auroras




pálidas do desejo de ser água. percorro-te. sonho-te.

sinto-te onde não te vejo. as danças pagãs pararam




nas portas das montanhas cobertas de gotas orvalhadas




pela tua longa ausência. sei-te onde não estás. percorro-te

marés e encontro-te nas portas da noite. de olhos fechados.




Susana Duarte 

Foto: I. Cetta

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